O vice-presidente do Governo da Madeira, Pedro Calado, afirmou hoje que já foram investidos cerca de 8,2 milhões de euros no projeto de construção do novo hospital da região, considerando que o trabalho feito a nível nacional é “uma mão cheia de nada”.
“Neste momento, a Madeira investiu no novo hospital 8,2 milhões de euros”, declarou Pedro Calado na Assembleia Legislativa da Madeira, no debate com caráter de urgência requerido pelo PSD sobre “o recuo do Governo da República no apoio ao novo hospital”.
O responsável do executivo insular adiantou que foram já expropriados 27 mil metros quadrados e pagos 8,2 milhões de euros em expropriações e no programa funcional.
Pedro Calado censurou o que classificou de “pouca-vergonha” o que os partidos que governam na República “têm feito na defesa dos interesses da Madeira”, adiantando que “o trabalho feito a nível nacional é uma mão cheia de nada” e que, "apesar das insistência do Governo Regional, esse compromisso político não resultou em nada de concreto".
Na sua opinião, “O Governo da República, em 10 meses consecutivos está a brincar às comissões e papelinhos”, em vez que apresentar “uma solução” para a concretização deste projeto.
“Com o apoio ou sem apoio vamos continuar a fazer o nosso trabalho”, declarou, salientando que 15% da totalidade dos terrenos estão expropriados, vão ser inscritas verbas no Orçamento Regional da Madeira/2018 e “o trabalho de casa está bem feito", enquanto o OE/2018 "é omisso" nessta matéria.
Pedro Calado ainda salientou que “a lei impede que seja lançado o concurso sem que esteja assegurada a fonte de financiamento” para os projetos e acusou ainda o Governo nacional de “andar a brincar com os madeirenses”.
Porém, "a saúde vai continuar a ser a primeira prioridade acrescida do Governo Regional", disse, garantindo que vai "continuar a exigir ao Etado a concretização desta imortante infraestrutura".
Por seu turno, o deputado do PSD/Madeira João Paulo Marques, que abriu o debate, criticou a “falta de vontade e de palavra” do primeiro-ministro, António Costa, no processo de construção do novo hospital da Madeira.
O deputado acrescentou que “o primeiro-ministro não tem palavra [já] que prometeu financiar 50%”, aquando da visita que efetuou à Região a 28 de março de 2017, mas, agora, em sede de discussão do Orçamento de Estado para 2018 disse que “ainda vão avaliar o interesse público” deste projeto.
O parlamentar social-democrata sublinhou que até este momento “só a Madeira é que investiu dinheiro” nesta matéria, enquanto o Governo nacional, no Orçamento de 2017, evidenciou ter “bolsos vazios” e, em 2018, mostra “um esquecimento absoluto”.
No entender de João Paulo Marques, o projeto da construção do novo hospital, que tem um custo estimado em 340 milhões de euros, “tornou-se um labirinto político” e “só haverá hospital na Madeira quando o PS quiser”, porque este projeto “está refém da agenda partidária” e a “máquina do Estado está ao serviço do Partido Socialista”.
João Paulo Marques censurou “esta cartilha do PS que cria todos os obstáculos para que o novo hospital não seja uma realidade”.
O deputado social-democrata insular apontou que esta postura do Governo nacional “contrasta” com o facto de o OE/2018 ter inscrito, mesmo sem grupos de trabalho, declarações de projeto de interesse comum ou lançamento de concursos, “apenas porque houve vontade”, de 10 milhões de euros para um novo hospital em Évora, 5ME para uma unidade em Lisboa Oriental e outros 10ME para outro no Seixal, num total de 25ME sem projeto funcional.
“O Governo está em condições [de lançar o concurso público]. Fizemos o nosso trabalho e esperamos que o Governo central também faça. Exigimos o cofinanciamento porque é um projeto de interesse comum”, declarou o secretário da Saúde da Madeira, Pedro Ramos, complementando ser “um imperativo nos próximos 30 anos”.
Também o secretário do Equipamento e Infraestruturas da Madeira, Amílcar Gonçalves, que participou no debate, refutou as críticas da oposição sobre a localização do novo hospital, mencionando que foi um assunto “colocado à discussão pública” e assegurou que a expropriação dos terrenos “nunca será um problema”.
Ainda rebateu a censura que este seja um projeto megalómano, porque inicialmente abrangia 220 mil metros quadrado, realçando que “a preocupação foi torná-lo numa obra púbica racional”, tendo passado para 170 mil metros quadrados.
LUSA