Numa nota enviada à Lusa, um grupo de ativistas solidários com a resistência palestiniana e com o Coletivo pela Libertação da Palestina, o Climáximo e a Greve Climática Estudantil de Lisboa denunciou o que considera ser o “apoio do governo português e, particularmente, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a um projeto colonial que, há mais de 75 anos, tem por base a limpeza étnica do povo palestiniano”.
“Nos últimos quatro meses, este apoio ficou ainda mais claro”, considera o grupo, lembrando que, desde 07 de outubro de 2023 – altura do ataque surpresa do movimento islamita Hamas contra o sul de Israel -, o ministro João Cravinho “foi rápido a mostrar a sua solidariedade para com o regime sionista”.
“Por várias vezes, defendeu o direito de Israel ‘se defender’, o ‘dever de solidariedade [de Portugal] para com Israel’ e sublinhou ’a amizade entre Portugal e Israel’”, sublinha.
Na nota, os elementos deste grupo dão conta da frase pintada no portão do edifício do MNE, assim como de terem partido vidros, uma informação confirmada pela PSP e pela GNR, que faz a guarda do edifício.
Em declarações à Lusa, fonte da GNR confirmou que pelas 03:00 os oficiais que estavam no interior do edifício perceberam que tinham partido vidros e pintado uma frase no portão, recordando que ninguém foi detido.
“Os oficiais estavam no interior e quando perceberam já estavam vidros partidos e a frase pintada”, explicou a fonte, acrescentando que, agora, só recorrendo a imagens de videovigilância se poderá identificar os autores.
“Não era a primeira noite que tínhamos no local elementos do movimento a favor da Palestina”, contou.
Na nota hoje divulgada, o grupo que reivindica a ação lembra que, mesmo quando, em janeiro, o Tribunal Penal Internacional aceitou pronunciar-se sobre a petição do governo da África do Sul em relação ao crime de apartheid cometido pelo regime sionista, “nunca o governo português se manifestou apoiando essa queixa”.
“Pelo contrário, na mesma semana em que o processo se iniciou no tribunal de Haia, João Cravinho anunciou que o exército português participaria no ataque militar aos huthis, grupo iemenita que tem realizado várias ações de resistência em solidariedade com o povo palestiniano”, acrescenta.
Os ativistas consideram ainda que, só no início de fevereiro, “quando já mais de 25 mil pessoas palestinianas tinham sido mortas na Faixa de Gaza e quase dois milhões tornadas refugiadas”, João Cravinho criticou Israel, citando frases do governante, nessa altura, a considerar que a atitude de Israel não era apenas de autodefesa.
O Hamas lançou, em 07 de outubro de 2023, um ataque surpresa contra o sul de Israel, que causou a morte de mais de 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da agência de notícias France Presse baseada em números oficiais israelitas.
Cerca de 250 pessoas foram raptadas e levadas para Gaza, de acordo com as autoridades israelitas. Destas, perto de cem foram libertadas no final de novembro, durante uma trégua em troca de prisioneiros palestinianos, e 132 reféns continuam detidos no território palestiniano.
Em resposta ao ataque, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, e impôs um cerco total ao território, com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
Desde 07 de outubro, a ofensiva israelita fez quase 29 mil mortos e 68.400 feridos, na maioria civis.
Lusa