Trata-se do “terceiro caso de intimidação, a nível nacional, em duas semanas e tem de ter uma resposta adequada das autoridades e da sociedade”, avisa o SJ num comunicado enviado à agência Lusa.
De acordo com relatos que chegaram ao SJ, “dois jornalistas foram atingidos por isqueiros durante o discurso de recandidatura do atual líder dos ‘dragões’ no Coliseu do Porto, no domingo ao fim da tarde”.
Os ânimos inflamaram-se já perto do fim do discurso, quando o presidente dos ‘dragões’ endereçou algumas “críticas à comunicação social” e “um dos jornalistas presentes no local foi atingido por um isqueiro atirado da plateia, mas sem ter sofrido quaisquer ferimentos”, noticiou a agência Lusa.
O CNID – Associação dos jornalistas de Desporto, por sua vez, afirmou que um jornalista foi atingido por um isqueiro durante o discurso de apresentação da candidatura de Pinto da Costa à presidência do FC Porto, exige “respeito”, considera também que “não aconteceu por acaso”, solicita a “melhor atenção para a necessidade de proteger os jornalistas” e apela à “contenção dos candidatos e dos seus apaniguados em relação aos jornalistas”.
“Há ainda notícias de que foram atiradas também garrafas de água e outros objetos na direção dos profissionais da Comunicação Social em trabalho naquele evento”, prossegue o SJ, lembrando que “as agressões aconteceram quando Pinto da Costa criticou a Comunicação Social no discurso de candidatura [às eleições] para um novo mandato” (2024-2028).
O sindicato lamenta a atitude do presidente do FC Porto, considerando-a de “absolutamente desrespeitosa e inaceitável”, e pede às autoridades que investiguem “o aparente nexo causal entre o ataque verbal do líder dos ‘dragões’ e a reação de alguns adeptos”.
Está-se perante palavras “especialmente desnecessárias” de quem apresentou currículo e “não precisava, como alguns fazem, de atacar os jornalistas para parecerem importantes”, adverte o SJ.
Para o sindicato é ainda “mais lamentável perceber que as agressões não aconteceram num vazio e que, por isso, não podem ser dissociadas das críticas de Pinto da Costa à Comunicação Social”.
O sindicato reitera que a agressão a jornalistas é crime público e que deve ser investigado. Alerta, também as autoridades para um “aparente clima de impunidade – pois não são conhecidas detenções ou julgamentos dos casos mais recentes – que parece instalar-se no futebol português, mas não só, com três agressões a jornalistas no espaço de duas semanas”.
Em 23 de janeiro um jornalista do ZeroZero foi intimidado por elementos da equipa técnica do Benfica, após a cobertura noticiosa da final da Taça da Liga masculina de futsal e dois dias depois, uma equipa do Porto Canal foi agredida durante uma reportagem à porta de uma fábrica de calçado em São João da Madeira.
No domingo, Jorge Nuno Pinto da Costa que se candidata pela 16.ª e última vez à presidência do FC Porto, apresentou o projeto “Todos Pelo Porto”, visando uma liderança rejuvenescida à frente dos vice-campeões nacionais de futebol.
“Será certamente o meu último mandato, sem dúvida. Vou cumpri-lo até ao final e não é com uma intenção de o deixar a meio para abrir a porta a quem quer que seja. Quem vai escolher sempre o presidente do FC Porto são os sócios do clube. Não são as grandes construtoras, os grupos económicos, as televisões ou quem aspira a voltar a ter o preço desvairado dos direitos televisivos do clube, porque os associados não o irão permitir e conhecem o que é ser do FC Porto”, disse Pinto da Costa no domingo.
O líder do FC Porto, que nas eleições enfrentará André Villas-Boas e Nuno Lobo, e discursou na presença de mais de 2.000 pessoas no Coliseu do Porto. As eleições deverão ocorrer em abril, 42 anos após Pinto da Costa se ter tornado o 33.º líder da história do clube.
Lusa