Em conferência telefónica com analistas, no dia em que o banco apresentou lucros de 743,1 milhões de euros, Bourke disse que seria boa ideia deixar o mecanismo de capital contingente “para trás” pois já não é “um instrumento que funcione”.
O Novo Banco foi criado em agosto de 2014, aquando da resolução do Banco Espírito Santo (BES), detido pelo Fundo de Resolução bancário. Em 2017, 75% foi vendido ao fundo de investimento norte-americano Lone Star, que não pagou qualquer preço, tendo injetado 1.000 milhões de euros.
Nessa venda foi acordado um mecanismo pelo qual o Fundo de Resolução recapitaliza o Novo Banco até 2026, com um limite de 3.890 milhões de euros, por perdas em ativos que afetem rácios de capital, tendo já recebido 3.405 milhões de euros de dinheiro público (no passado, provocaram grande polémica as injeções de capital) e, na teoria, ainda pode ir buscar mais 485 milhões de euros.
Mark Bourke assumiu hoje, perante os analistas, que tal é complicado pois as injeções de dinheiro têm de ser aprovadas pelo Fundo de Resolução. E disse que tem interesse em fechar antecipadamente esse mecanismo, mas que para isso “as partes têm de fazer acordo”.
Além do dinheiro já recebido, seguem disputas entre o Novo Banco e o Fundo de Resolução que poderão levar a que seja colocado mais dinheiro por este mecanismo. Hoje foi conhecido um revés para o Novo Banco (o Supremo Tribunal de Justiça deu razão ao Fundo de Resolução num diferendo relacionado com regras contabilísticas em que o Novo Banco pedia 169 milhões de euros), mas seguem outros processos (como sobre provisão para o fim da operação em Espanha).
Desde a compra do Novo Banco que era conhecido que a Lone Star queria, a médio prazo, vender o banco para fazer mais valias. Mark Bourke tem dito que o objetivo agora é vender o banco em bolsa e, em novembro, em entrevista à agência Reuteurs, afirmou que o Novo Banco vai estar preparado para uma potencial entrada em mercado no primeiro semestre de 2024, ainda que admitindo que o momento é difícil para essas operações.
Uma vez que o mecanismo de capital contingente coloca restrições ao Novo Banco quanto a pagamento de dividendos, o fecho do mecanismo também tornaria o banco mais atrativo.
O Novo Banco fechou de 2023 com lucros de 743,1 milhões de euros, mais 35,5% do que em 2022. A contribuir para os resultados esteve sobretudo a margem financeira (mais 83% para 1.142 milhões de euros), devido ao aumento das taxas de juro, que este ano têm beneficiado as receitas do setor bancário.
No final de 2023, o grupo Novo Banco tinha 4.209 trabalhadores, mais 119 do que em 2022, e 290 balcões, menos dois do que um ano antes.
Lusa