A homenagem que o Funchal fez ontem ao príncipe Alberto I do Mónaco, ao atribuir o seu nome a um espaço público, decorreu sob o signo da defesa dos mares e oceanos, assinalando a retoma das expedições oceanográficas do principado.
Esta homenagem simbolizou também o arranque da expedição científica de três anos do navio "Yersin" no âmbito da campanha "Mónaco Explorations".
Depois de realçar ser "uma grande alegria" estar na Madeira para celebrar a memória do seu trisavô e de estar "sensibilizado" por a Câmara Municipal do Funchal batizar um lugar público da cidade com o nome de um seu antepassado, Alberto II revelou ter decidido seguir os passos do seu trisavô na oceanografia.
"Seguindo o exemplo do Príncipe Alberto I, decidi, há alguns meses atrás, com a participação do meu governo, do Instituto Oceanográfico, Fundação Príncipe Alberto I, do Centro Científico do Mónaco, e da minha própria Fundação, dedicada à proteção do meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável, dar continuidade à tradição das expedições científicas do Mónaco", disse.
Alberto II do Mónaco referiu que "a cadeia do tempo é, assim, restaurada", começando precisamente pela Macaronésia, onde o navio científico Yersin permanecerá três anos explorando os mares da Madeira, Açores, Canárias e de Cabo Verde.
"Espero sobretudo, modestamente, dar vida à sua obra, atualizando-a e adaptando-a aos grandes desafios ambientais que devemos agora enfrentar para bem das gerações futuras. A proteção do nosso planeta por meio da luta contra as mudanças climáticas, a preservação da biodiversidade e da água", observou, sublinhando que não gostava de acabar a sua intervenção "sem endereçar um pensamento comovido às vítimas do acidente do passado dia 15 durante uma festa religiosa".
O presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafofo, disse, por seu lado, que a memória de Alberto I do Mónaco "perdurará para sempre" na capital madeirense.
"O Funchal honra a memória do seu passado e de quem tanto contribuiu com conhecimento sobre o nosso arquipélago", disse, anunciando que a Câmara tem uma proposta para criar o eco parque marinho do Funchal, precisamente no mar defronte ao Largo onde, agora, Alberto I é imortalizado com uma obra da escultora Manuela Aranha.
O Representante da República, juiz-conselheiro Ireneu Barreto, disse estar sensibilizado que o primeiro passo da jornada científica de três anos da ‘Mónaco Explorations’ "comece justamente no arquipélago da Madeira", onde, no final do século XIX, "as expedições do Príncipe Alberto I foram um decisivo passo no labor científico de conhecimento do mar e dos seus mistérios".
Na cerimónia, participaram ainda o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Tranquada Gomes, o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, e o secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrelo.
"Para a Região Autónoma da Madeira, uma visita de V. Excelência, em qualquer circunstância, teria como tem, grande significado mas, esta, que agora se iniciou, reveste-se de um significado muito especial já que se insere na promoção de mais uma campanha que tem por objetivo a preservação dos mares e dos oceanos", declarou, lembrando o papel que os portugueses têm dado ao principado monegasco e, em especial, a Leonardo Jardim, que levou o Mónaco a ganhar o título de campeão da Liga francesa em futebol, em maio.
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, louvou a iniciativa da CMF e lembrou a importância da preservação do mar e dos oceanos "para o futuro da humanidade".
O secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrello deu, em nome do Governo da República e de Portugal, as boas-vindas a Alberto II do Mónaco.
"Países marítimos como os nossos, Portugal e o Mónaco, têm uma responsabilidade acrescida na proteção e preservação dos oceanos", avivou.
No final da cerimónia e depois de Alberto II ter assinado o Livro de Honra da Cidade, a Câmara Municipal do Funchal entregou ao príncipe uma garrafa de vinho Madeira da casta Verdelho de 1912, tendo esta recebido do Principado um quadro da baía do Funchal do século XIX com o iate de Alberto I ao fundo.
O príncipe Alberto II do Mónaco descerrou ontem, na cidade do Funchal, a placa toponímica com o nome do seu tetravô Príncipe Alberto I do Mónaco, nome pelo qual ficará conhecido o Largo no fim da Rua de Leichlingen, entre o Lido Poente e a Estação de Biologia Marinha do Funchal, em pleno coração da zona hoteleira madeirense.
A atribuição do nome do Príncipe Alberto I ao Largo foi aprovada, por unanimidade, na reunião da Câmara Municipal do Funchal de 31 de agosto.
O príncipe, que estará na Madeira até sexta-feira, inaugurou, em seguida, no Museu de História Natural do Funchal, a exposição temporária "Um Príncipe explorador. Alberto I do Mónaco e a Madeira", relacionada com as expedições oceanográficas que o seu tetravô desenvolveu entre 1875 e 1915, no final do século XIX, algumas das quais nos mares do arquipélago madeirense.
O Principado do Mónaco, fundado em 1297 pela Casa Grimaldi, é uma cidade-Estado soberana, com 202 hectares e com uma população de 38.499 habitantes, situada no sul da França, sendo governada por Sua Alteza Sereníssima, o príncipe Alberto II.
Desde março, o Principado do Mónaco tem representação diplomática permanente em Lisboa cuja embaixada é chefiada por Henrique Polignac de Barros.
LUSA