Ana Gomes, que começou esta manhã a ser julgada no Tribunal do Bolhão, no Porto, por um crime de difamação, durante o seu depoimento acusou Mário Ferreira de ser “testa de ferro de investidores estrangeiros” para branquear capitais em Portugal, nomeadamente através, segundo a própria, de investimentos em áreas que dão prejuízo, como a comunicação social ou a aviação.
Em 2021, a 14 de março, a também ex-candidata a Presidente da República publicou na sua página da rede social Twitter, hoje denominada X, um comentário alusivo a uma notícia do jornal Expresso sobre o investimento de Mário Ferreira numa empresa de aviação, afirmando que o empresário do Porto pretendia “emular” a OMNI Aviação e Tecnologia, companhia que viu ser apreendidas 500 toneladas num avião seu proveniente do Brasil.
“Não tinha, nem tenho, qualquer informação de que haja ligação ao tráfico de droga por parte de Mário Ferreira, ao branqueamento de capitais, sim. Eu estou convencida de que ele [Mário Ferreira] é um testa de ferro de investidores estrangeiros para o branqueamento de capitais”, afirmou Ana Gomes.
Segundo a ex-eurodeputada, que negou ter “questões pessoais” contra Mário Ferreira, considerou que este é um “embusteiro que é um testa de ferro e que tem muito dinheiro para branquear, e faz investimentos em setores que não dão lucro”.
Ana Gomes salientou que, com a sua publicação, “não tinha qualquer intenção” de ligar Mário Ferreira ao tráfico de droga, mas sim “chamar a atenção para a utilização de voos e aeródromos privados e empresas de aviação privada” para o branqueamento de capitais, tráfico de seres humanos, pedras preciosas, entre outros crimes.
A ex-eurodeputada acusou também o empresário de a “perseguir judicialmente”, lembrando que este é o quarto processo que Mário Ferreira intenta contra ela.
A depor depois de Ana Gomes, Mário Ferreira negou estar envolvido no tráfico de droga ou em branqueamento de capitais, e disse sentir uma “grande amargura e revolta” com a publicação da ex-eurodeputada, devolvendo as acusações de perseguição.
“Temos [Mário Ferreira e Ana Gomes] 10 anos de perseguição em que ela não tem tido qualquer tipo de pudores, tenta denegrir o meu nome (…) Isto para ela é uma diversão”, acusou.
Mário Ferreira explicou que está ligado à aviação desde 2000 e não desde 2021, como, disse, Ana Gomes quer fazer entender, pelo que não investiu em nenhuma empresa sem possibilidade de lucro nem com qualquer “outro objetivo” que não o declarado, neste caso, operar na área da aviação com um aparelho que fazia voos na Europa.
“Ela descontextualiza, ela mente descaradamente para fazer o enquadramento que lhe dá jeito (…) usando factos que serão suscetíveis de novo processo”, indicou o empresário.
Em setembro, a antiga eurodeputada foi condenada a pagar uma multa de 2.800 euros e uma indemnização de 8.000 euros ao empresário Mário Ferreira por o ter apelidado de “escroque”, também num tweet.
O julgamento prossegue da parte da tarde com a continuação da audição de Mário Ferreira.
Lusa