“É uma figura tão omnipresente, que o seu testemunho, exemplo e percurso de vida se impõe de tal modo que faz parte do dia a dia dos portugueses”, disse Pedro Santana Lopes, na sessão de apresentação das comemorações do centenário do nascimento do fundador do Partido Socialista.
Salientando que a Figueira da Foz procura sempre exaltar “os maiores”, o autarca distinguiu duas facetas do homenageado – “o amor à liberdade, que faz parte da sua essência, e a capacidade extraordinária de, sem preconceitos nem vaidades, ir à luta”.
“Quantos conhecemos em Portugal, das gerações próximas, que exerceram as mesmas funções, seriam capazes de ir novamente à luta, sabendo que era muito difícil vencer. É preciso ter a democracia nas entranhas, no sangue que circula nas veias”, sublinhou Santana Lopes, referindo-se às eleições disputadas perdidas para a Presidência da República em 2006, já tendo sido primeiro-ministro e Presidente da República.
O presidente da Câmara da Figueira da Foz realçou a figura “ímpar” de um democrata, combatente antifascista que “criou uma relação muito especial com a Figueira da Foz, nomeadamente com Buarcos”, mas que era um “cidadão do mundo, e no mundo era conhecido como um líder marcante, democrata e socialista”.
O ex-primeiro-ministro disse ainda que o antigo Presidente da República, falecido em 07 de janeiro de 2017, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, “defendeu e fez muito por Portugal”.
“No tempo em que vivemos precisamos de inalar exemplos destes para podermos ter força para lidar com este mundo complicado em que vivemos”, sublinhou Santana Lopes.
Na sessão, participaram os socialistas Carlos Beja e António Campos, amigo do homenageado, para quem Portugal “teve a sorte de a seguir ao 25 de Abril de 1974 ter um homem com a visão política e o conhecimento do mundo de Mário Soares”.
Para António Campos, também fundador do PS, deve-se a Mário Soares “a liderança e capacidade para segurar e consolidar a democracia” no país.
As comemorações do centenário do nascimento de Mário Soares tiveram início hoje com a inauguração da exposição de fotografia “Mário Soares – 100 Anos, 100 Fotografias – Democracia”, de Alfredo Cunha, no Centro de Artes e Espetáculos, e uma declamação de poesia e dança.
O programa vai prolongar-se até dezembro de 2024, com um conjunto de atividades e mostras documentais e fotográficas, atravessando as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974.
Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.
Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros após a revolução do 25 de Abril de 1974.
Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.