O Governo Regional da Madeira vai investir 16 milhões de euros, até 2019, na recuperação de redes de água potável do arquipélago, anunciou hoje a secretária do Ambiente e Recursos Naturais da Madeira, Susana Prada.
A governante insular falava na Assembleia Legislativa da Madeira no âmbito do debate potestativo requerido pelo grupo parlamentar do Juntos Pelos Povo (JPP), subordinado ao tema "gestão de água para regadio".
A responsável madeirense argumentou que este investimento será feito nos cinco municípios aderentes à Água e Resíduos da Madeira (ARM), a entidade que gere a mais extensa área de regadio da Madeira e Porto Santo, e vai permitir "diminuir as perdas e libertar mais água para os agricultores".
Dos 11 municípios do arquipélago, a ARM tem como aderentes os concelhos de Câmara de Lobos, Machico, Porto Santo, Ribeira Brava e Santana.
Susana Prada indicou que, dos 16 milhões de euros, a maior fatia vai para o concelho de Machico (5,5 ME) porque "tem a rede em pior estado", seguindo-se Ribeira Brava e Câmara de Lobos (3,3 ME cada), Santana (2,4 ME) e Porto Santo (1,3 ME).
A governante assegurou aos deputados que os problemas situação da rede "estão devidamente identificados".
A secretária regional salientou que a ARM tem em fase de concurso e execução projetos na ordem dos 38 milhões de euros, incluindo obras de recuperação de canais, reservatórios e monitorização e gestão remota do sistema de regadio.
Susana Prada também mencionou que existe um apoio de 5,5 milhões de euros, através do Proderam (Programa de Desenvolvimento Rural da Madeira), facultado às associações de regantes para "beneficiação e recuperação de sistemas de regadio aprovados".
A governante destacou que a disponibilidade de água de rega no arquipélago está condicionada pelas "perdas de água nas redes de abastecimento público", sublinhando que, "em caso de conflito, o abastecimento humano tem prioridade sobre a distribuição de água para rega".
A secretária do executivo do arquipélago realçou que, nos últimos anos, "tem havido um sucessivo aumento do volume de água solicitado pelos municípios".
Susana Prada mencionou que, em 2016, "foi atingida a maior quantidade de água distribuída na última década — 54 milhões de metros cúbicos", dos quais "metade apenas é necessária para satisfazer as necessidades do abastecimento, já contabilizando 35% de perdas", que podia ser "disponibilizada para regadio", embora tenha considerado ser "um valor aceitável" para o arquipélago.
Segundo a governante, as perdas registadas nos municípios sob gestão da ARM correspondem a 30% das perdas totais da região, apontando que as reservas de água da Madeira atingem os 110 milhões metros cúbicos ano.
A secretária regional enunciou que a perda de água no concelho do Funchal, o mais populoso da região, é de 51%, o que representa "metade do total da que é perdida na região", referindo que o "município mais eficiente é o do Porto Santo", no qual o desperdício não chega a 1%.
Susana Prada apelou às restantes câmaras do arquipélago que "não têm recursos ou meios" para aderirem à ARM, declarando: "Não posso ir buscar água onde não existe porque os municípios têm redes rotas".
Ainda defendeu que o "sistema de rega por alagamento deve ser substituído, aos poucos" e anunciou que, em agosto, "estarão prontos nove quilómetros de canais secundários recuperados nas freguesias de Gaula e Santa Cruz (concelho de Santa Cruz) e Campanário (Ribeira Brava)", o que representou um investimento de 400 mil euros.
"A água na Madeira é suficiente e tem volume suficiente para suprir todos os usos, tem é que ser bem gerida e distribuída", concluiu.
LUSA