Carlos Pereira completou na terça-feira 20 anos como presidente do Marítimo e destacou os bons momentos passados desde então, após as graves dificuldades financeiras que o clube atravessou em 1997.
Numa entrevista de mais de uma hora ao canal do clube, o presidente começou por fazer um balanço da sua já longa passagem à frente do emblema insular, que considera ter passado de forma "rápida".
"Parece que foi ontem que iniciei esta nova etapa da minha vida no desporto. Passou tão rápido porque passou bem, porque tivemos a capacidade de alterar o rumo dos acontecimentos, saber negociar, reduzir o passivo e aumentar o património", referiu, lembrando os outros 12 anos que passou no Marítimo antes de ser presidente.
Carlos Pereira fazia parte do departamento de futebol até sair por estar "contra o rumo" que o clube estava a seguir, mas viu-se obrigado a regressar para evitar o que seria seguramente "o fim do Marítimo".
"Estava no Alasca, tão longe de casa, a receber notícias que se estavam a passar na Madeira e com as grandes dificuldades que o Marítimo estava a passar", contou.
A sua entrada na presidência dos ‘verde rubros’, a 4 de julho de 1997, foi confrontada com "muita desconfiança", apesar do seu sucesso como empresário e temeu ficar na história pela negativa, por fechar o clube, considerando a união como base do salvamento do Marítimo.
No ‘reinado’ de Carlos Pereira, constam sete das nove presenças nas competições europeias, a última das quais conseguida este ano, além de uma final na Taça de Portugal, perdida (2-0) para o FC Porto em 2001, e duas finais consecutivas da Taça da Liga, ambas ganhas pelo Benfica (2-1 em 2015 e 6-2 em 2016).
"O Marítimo foi o único clube que foi a duas finais consecutivas sem ter algum benefício e sem ver reconhecido algum mérito por isso", desabafou.
O novo Estádio do Marítimo é um dos pontos altos dos últimos anos, um "sonho concretizado" que criou inimigos e tirou muitas horas de sono, mas que valeu a pena, após vários episódios de providências cautelares e ações populares.
"Sempre que o homem sonha, a obra concretiza-se. Deu-me anos de vida porque foi uma luta acesa e dinâmica. Nunca vi uma obra com tanta fiscalização e participação. Esquecem-se que isto está sustentado em tantos pareceres e um dos grandes pareceres hoje é presidente da República", destacou.
Com um capital social na SAD a rondar os 92 por cento, a possibilidade de investidores estrangeiros foi questionada, o que o dirigente reagiu com receio por desconfiar de "outros interesses que estão por trás" do interesse desportivo.
"O Marítimo teve várias abordagens, com muita frequência, mas não, o clube não está à venda ao euro nem ao cêntimo", revelou, apesar de admitir um Marítimo "comercial" na SAD, pela via profissional, o que não irá ocorrer com a sua presença.
Carlos Pereira mostrou-se satisfeito com a equipa B, que prefere ver no Campeonato Nacional em vez da II Liga, e anunciou os projetos do Museu e Academia do Marítimo para breve.
Em relação ao futuro, o presidente do conjunto insular espera ver o seu nome "gravado por muitos anos" por sinal do trabalho feito e considera que a sua continuidade irá sempre depender da massa associativa, deixando uma promessa.
"Enquanto eu sentir que sou útil ao Marítimo, irei dar o meu contributo, mas, no dia em que entender que há uma pessoa com perfil, dedicação e vontade, serei o primeiro a ajudá-lo (a substituir-me)", vincou.
Como tal, comprou o camarote no estádio ao lado da tribuna presidencial de forma a preparar-se para o dia em que deixar os comandos do clube.
LUSA