“Temos um aumento da adesão à greve para 90%, de norte a sul do país, não só ao nível dos hospitais. Reflete-se muito a nível dos blocos operatórios, também nas consultas, no internamento e ao nível dos cuidados de saúde primários”, indicou.
No final de uma reunião do conselho nacional extraordinário da FNAM, que decorreu ao longo da manhã em Coimbra, Joana Bordalo e Sá realçou que a adesão à greve atingiu os 100% em algumas unidades de saúde familiar modelo B do país.
“Isto reflete o descontentamento dos médicos e também reflete, se calhar, a falta de confiança que temos, neste momento, nas políticas praticadas pelo doutor Manuel Pizarro e naquilo que até foi verbalizado ontem [terça-feira] para a comunicação social”, alegou.
De acordo com a presidente da FNAM, a cerca de 24 horas da realização da próxima reunião com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, os médicos continuam sem receber os documentos que lhes tinham sido prometidos.
“Continuam a faltar as atas das reuniões anteriores e isto continua a ser uma falta de seriedade enorme. Portanto, vamos ver o que é que acontece amanhã”, criticou.
Joana Bordalo e Sá garantiu que “a Federação Nacional dos Médicos está de boa-fé” nesta negociação com o Ministério da Saúde, mantendo as propostas e soluções para os médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Efetivamente, houve uma abertura manifestada pelo Ministério da Saúde na quinta-feira, pela primeira vez, e graças à nossa luta, que é a reposição das 35 horas de trabalho para os médicos. Mas, tem que ser para todos: médicos dos centros de saúde de medicina geral familiar, médicos hospitalares façam ou não façam urgências, médicos de saúde pública e médicos internos”, defendeu.
Segundo a médica, a FNAM pretende que se acabe com a desigualdade que existe nesta classe de profissionais da saúde.
“O que a Federação Nacional dos Médicos quer é equidade para todos os médicos e também, obviamente, o aumento salarial, que tem que ser transversal para todos os médicos e não à custa de subsídios e suplementos”, sublinhou.
Os médicos iniciaram terça-feira dois dias de greve, uma paralisação que acontece cinco dias depois de os sindicatos se terem reunido com o Ministério da Saúde e de estar marcada uma nova ronda negocial para a próxima quinta-feira.
A FNAM tem agendada nova greve para os dias 14 e 15 de novembro, caso não chegue a acordo com o Ministério da Saúde.
“Está nas mãos do Ministério da Saúde reverter esta situação. Se chegarmos a um acordo, obviamente, esta forma extrema de luta eventualmente poderá ser revertida”, concluiu.
Lusa