O número de fontes de calor medidas em setembro pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) foi o maior deste ano, assim como nos últimos doze meses, registando um aumento superior em 1,5 em relação aos dados do mês anterior.
Segundo dados divulgados por aquele organismo, os 26.452 incêndios ocorridos em setembro representam quase metade (45,6%) dos registados nos primeiros nove meses do ano (57.941).
O aumento ocorreu no momento em que a Amazónia, maior reserva de água doce do mundo, vive uma grave seca com o nível das águas de seus rios situado no mínimo, registando-se enormes áreas isoladas por dificuldades de navegabilidade e dezenas de municípios em estado de alerta.
Segundo o Centro de Monitoramento de Alertas e Desastres Naturais (Cemaden), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil, a atual seca pode ser histórica e estender-se até janeiro devido aos efeitos do fenómeno El Niño sobre o clima no país.
A crise na região este ano será mais grave do que a registada em 2015 e 2016, o pior período de sempre.
Embora o período de seca na região comece agora, a queda do nível dos rios amazónicos para níveis mínimos já prejudica a navegação, a pesca, a agricultura, o equilíbrio ambiental e o abastecimento de água, alimentos e combustíveis em inúmeros municípios.
A grave situação do maior pulmão vegetal do mundo também foi agravada pelo aquecimento do Atlântico tropical e pelas temperaturas recorde dos últimos dias na região.
Apesar dessa situação, o número de incêndios em setembro na Amazónia foi 35,9% inferior ao registado no mesmo mês de 2022 (41.282).
O número de fontes de calor caiu 33,6% desde que Lula assumiu seu terceiro mandato como chefe de Estado do Brasil, passando de 87.304 nos primeiros nove meses de 2022, para 57.941 entre janeiro e setembro deste ano.
No dia 05 de setembro, quando foi comemorado o Dia da Amazónia, Lula da Silva anunciou novas medidas de proteção, incluindo a criação de dois novos territórios indígenas e duas enormes reservas ambientais.
Segundo dados do INPE, as suas medidas permitiram que o desmatamento na Amazónia fosse reduzido em 42% nos primeiros sete meses de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022, quando, durante a gestão de Jair Bolsonaro, a destruição do bioma foi recorde.
A devastação do bioma atingiu números históricos durante o Governo Bolsonaro (2019-2022) uma vez que este defendeu a exploração económica da selva, até mesmo em reservas indígenas.