Desde 16 agosto, encontram-se nas bases da Sobreira Formosa, Castelo Branco, e de Trancoso, Guarda, integrados na Força Especial de Proteção Civil (FEPC).
Em declarações hoje à agência Lusa, o especialista do Departamento de Serviços de Resgate do Ministério da Administração Interna da Finlândia, Pekka Tiainen, explicou que o contingente finlandês está divido em dois módulos de 24 bombeiros, sendo que o primeiro já regressou ao país nórdico.
“O principal objetivo é, naturalmente, apoiar as autoridades portuguesas. Durante a época alta dos incêndios florestais, é um conceito novo. No ano passado, houve um projeto-piloto na Grécia. A Grécia era o único país em que os Estados-membros [da União Europeia] disponibilizavam as suas equipas”, disse o responsável, explicando que este ano o projeto foi alargado a França e Portugal.
De acordo com Tiainen, a ideia de realizar a missão em Portugal surgiu “um pouco antes da covid-19”, no início de 2020, quando uma delegação finlandesa visitou o país, salientando as estratégias das autoridades nacionais e a forma como lidam com os incêndios florestais.
“(…) Queria trazer a equipa para Portugal, porque sabia que as táticas e as técnicas [de combate aos fogos] estão muito bem desenvolvidas”, sublinhou.
O responsável reforçou que a missão, que decorre até 15 de setembro, é “uma oportunidade de aprendizagem”.
“Queremos estar preparados e queremos aprender com países que têm experiência”, afirmou, acrescentando que o primeiro grupo de bombeiros “está extremamente feliz” e a “missão tem sido muito bem-sucedida”.
Acabado de regressar à Finlândia, o líder do primeiro grupo, o comandante da Proteção Civil de Helsínquia, detalhou à Lusa que as primeiras duas semanas “foram muito interessantes” e que “as rotinas diárias correram muito bem”.
“Fiquei muito contente com o que vi. O principal objetivo era aprender como incêndios florestais são controlados e extinguidos em Portugal e ter uma (…) oportunidade de aprender coisas boas para levar para a Finlândia, como a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) gere todos os fogos, como utiliza os programas e ‘softwares’, como calcula a propagação e como planeia o combate aos incêndios com todas as suas táticas”, destacou Jani Pitkänen.
Sobre como o treino pode ser aplicado na Finlândia, o comandante elucidou que o país “não tem incêndios tão grandes” como Portugal, referindo que “um dos objetivos era aprender como um bombeiro sobrevive a temperaturas muito altas”.
“Penso que não podemos fazer exatamente a mesma coisa na Finlândia, porque a nossa silvicultura é diferente e nosso clima também. As coisas mais importantes que podemos aprender dos portugueses é o sistema de gestão, como as autoridades nacionais gerem os incêndios. Essa perspetiva de gestão é muito importante”, adiantou.
Jani Pitkänen lembrou que, apesar de os novos métodos aprendido não serem aplicados na totalidade no país nórdico, “todo o conhecimento sobre extinção de fogos é muito útil” e pode ser usado noutros países caso necessitem de ajuda.
“Estas duas semanas foram importantes para nós, porque a nossa equipa de combate aos incêndios faz parte do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia. Por isso, quando os países do sul [da Europa] pedirem ajuda durante a época de incêndios florestais, podemos dar apoio imediato. A nossa equipa está mais bem preparada para dar resposta”, frisou.
O RescEU foi criado em 2001, pela Comissão Europeia, e reformado em 2013.
Este mecanismo tem como objetivo ajudar os países da UE e os países terceiros a dar resposta a emergências, como catástrofes naturais, crises sanitárias ou conflitos.
Os países podem pedir apoio sempre que uma emergência sobrecarregue as suas capacidades de resposta.
Lusa