“Nós pedimos ao primeiro-ministro que seja primeiro-ministro e que seja o presidente do sindicato de todos os portugueses, que crie condições para investir no Serviço Nacional de Saúde [SNS)”, disse hoje aos jornalistas presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, junto à residência oficial do chefe do Governo, em Lisboa.
De acordo com Jorge Roque da Cunha, o setor foi o que mais perdeu poder de compra na função pública, justificando que a nível da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) está “na parte de baixo do ‘ranking’”.
“(…) Nós nesta carta vimos apelar (…) à intervenção [do primeiro-ministro]” para que durante o processo negocial haja apresentação de propostas e contrapropostas porque “neste momento, nada aconteceu”, salientou.
Na terça-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, reiterou o empenho na aproximação com os clínicos, avançando que a proposta da grelha salarial seria enviada hoje aos sindicatos.
Questionado sobre o assunto, o dirigente sindical disse que os médicos vão aguardar pelos documentos de Manuel Pizarro, lembrando que o governante “assumiu publicamente esse compromisso”.
“Vamos aguardar. Um dia tem 24 horas. E nós (…) dizemos o seguinte: demoraremos muito menos tempo a apresentar contrapropostas do que aquele tempo que o Governo demorou a apresentar a sua proposta”, observou.
Jorge Roque da Cunha indicou ainda que a adesão da greve continua fixada nos 90% e que por dia, desde o início da greve, o sindicato estima que ficam por realizar 65.000 consultas a nível dos cuidados de saúde primários e 45.000 consultas a nível hospitalar.
Blocos de cirurgia e centros de saúde encerrados é o resultado do segundo dia da greve dos médicos.
A secretária Regional de Lisboa e Vale do Tejo do SIM, Maria João Tiago, deu alguns “exemplos concretos” do impacto da greve nas unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), citando dados preliminares do segundo dia da greve, que termina na quinta-feira, convocada pelo SIM para forçar o Governo a apresentar uma proposta concreta de revisão da grelha salarial, que o ministro da Saúde disse na terça-feira que será enviada hoje aos sindicatos.
Segundo os dados, o bloco central e o bloco da cirurgia ambulatória do Hospital de Santarém estão encerrados e no Hospital Fernando Fonseca (HFF) estão apenas a funcionar duas salas de bloco operatório.
Nos hospitais de Évora e Beja “as cirurgias estão paralisadas a 100%”, disse Maria João Tiago, apontando também o encerramento do centro de saúde do Covelo, no Porto, devido à paralisação dos médicos.
Lusa