“O dr. António Costa tem um desplante político grande e quis vir dizer no debate do estado da nação uma negação do que vimos na rua: que os portugueses estão a viver melhor. Não estão, dr. António Costa”, afirmou Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas no final do último debate da sessão legislativa, antes das férias parlamentares.
O líder do PSD perguntou “em que país vive António Costa”, acusando o primeiro-ministro de desrespeitar os que “não têm dinheiro para pagar as suas contas ao final do mês”.
“Chegar ao estado da nação e não ter a humildade de reconhecer isto é infelizmente sinónimo de que o Governo não vai emendar a mão. Não emendando a mão, o que é necessário é mudar de governo”, defendeu.
Na intervenção de abertura no debate do estado da nação, António Costa deixou uma farpa a Luís Montenegro.
“Para nós, Portugal só está melhor se os portugueses estiverem melhor”, declarou.
Em 2014, quando era líder parlamentar do PSD, que governava o país em coligação com o CDS-PP nos tempos do memorando da ‘troika’, causou polémica uma frase de Luís Montenegro numa entrevista, quando afirmou que “a vida das pessoas não está melhor, mas o país está muito melhor".
Montenegro lamentou que, “influenciado pelo seu publicitário”, António Costa tenha querido fazer “uma graçola à volta daquilo que alguém disse em 2014” e de ter ainda uma obsessão com o Diabo, neste caso uma expressão celebrizada pelo ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.
“É preciso respeitar o sofrimento das pessoas, é preciso respeitar os que têm hoje baixos salários e ganham o salário mínimo, respeitar os que não têm dinheiro para pagar as prestações da casa, respeitar aqueles a quem o dr. António Costa retira em impostos e devolve em serviços públicos sem qualidade”, criticou.
Montenegro frisou que anda “na rua todas as semanas, em todas as regiões do país” e contacta com uma realidade diferente da do primeiro-ministro.
“Empresários que estão asfixiados em impostos, fartos de burocracia, a olhar para os 50 mil milhões de euros vindos da Europa e cujo principal destinatário está a ser a administração pública para colmatar a falta de investimento publico dos últimos anos”, criticou.
O líder do PSD procurou também desmontar a tese várias vezes repetida pelo primeiro-ministro e pelo PS de que o seu partido não apresenta alternativas.
“O PSD apresentou nos últimos meses propostas sobre fiscalidade, saúde, habitação, políticas para a terceira idade, para a juventude, para reter imigrantes. Até temos um site, o primeiro-ministro vá lá consultar”, ironizou.
Para Montenegro, as sondagens que dão o partido taco a taco ou até à frente do PS demonstram que esta alternativa “chega cada vez mais” aos portugueses, depois de há ano e meio o PSD ter perdido as legislativas por 14 pontos de diferença.
“É sinal de que os portugueses estão atentos ao demérito do Governo e ao mérito da oposição”, considerou.
Lusa