Em declarações aos jornalistas à margem da tribuna pública da Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos, em Lisboa, Paulo Raimundo considerou que o relatório não tem “nada de novo”, salientando que a comissão de inquérito à TAP criou “um conjunto de ‘faits divers’ e acontecimentos” e escondeu a “questão fundamental” da privatização da companhia aérea.
“Esse relatório, ainda que seja um relatório preliminar, (…) é uma peça que contribui para esse caminho de privatização, para esse crime económico e político, com consequências na vida dos portugueses, de quem cá vive e cá trabalha, e também dos reformados”, afirmou.
Paulo Raimundo salientou que, quando o PCP propôs o alargamento da comissão de inquérito à TAP à privatização de 2015, “era exatamente para que não passasse ao lado” do parlamento tudo o que se desenvolveu durante esse processo, designadamente “as negociatas, com alguém a comprar a TAP com o dinheiro da TAP”.
“Essa é que era a questão fundamental (…) para demonstrar exatamente que o que está em curso é exatamente repetir um crime anterior. Escondendo esse processo, mais facilmente se abria o caminho para voltar a repetir esse crime económico: é isso que está em causa”, defendeu.
O secretário-geral do PCP considerou assim que, finda a comissão de inquérito, verifica-se que a “montanha pariu um rato”.
“O espetáculo foi muito grande, foi muito gratificante para quem assistiu, ainda por cima com a vantagem de ter sido gratuito, mas depois, no fundo, se espremermos bem, o caminho de privatização da TAP continua aí (…) e conseguiu unir ainda mais os partidos que têm esse objetivo”, disse.
Paulo Raimundo foi ainda questionado se concorda com a decisão da relatora de deixar de fora algumas das polémicas reveladas durante a comissão de inquérito, como os incidentes no ministério das Infraestruturas envolvendo Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro João Galamba.
“Eu acho que a relatora cumpriu o seu objetivo político, que estava encomendado, e a relatora, tal e qual como o PS – como o PSD, IL, e como outros partidos, até como o ministro Galamba – tem um objetivo concreto, que é privatizar a TAP”, respondeu.
O relatório preliminar, divulgado na terça-feira, conclui que “não se registam situações com relevância material que evidenciem uma prática de interferência na gestão corrente da empresa por parte das tutelas”.
A CPI apurou também “não existirem evidências de que a tutela acionista da TAP, o Ministério das Finanças, tivesse tido conhecimento do processo de saída de Alexandra Reis".
Os partidos podem apresentar até 10 de julho propostas de alteração a esta versão preliminar. A discussão e votação do relatório em comissão parlamentar de inquérito está marcada para 13 de julho e a sua apreciação em plenário para 19 de julho.
Lusa