Em declarações por telefone à Lusa a partir de Viena, João Gomes Cravinho ressalvou que se trata de uma "recondução temporária", dada a impossibilidade de se identificar um sucessor para Stoltenberg, que cumpriu dois mandatos à frente da organização desde 2014.
"É uma recondução que Portugal apoia (…) Portugal fez parte do movimento, digamos, de criação de consenso em torno da recondução por mais um ano do secretário-geral, Jens Stoltenberg", declarou o chefe da diplomacia portuguesa, que hoje esteve na capital austríaca para um encontro bilateral com o seu homólogo, Alexander Schallenberg, e também com o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi.
Segundo João Gomes Cravinho, não era intenção do ex-primeiro-ministro norueguês permanecer mais tempo no cargo, nem tão pouco da própria organização, e julgava-se possível encontrar um sucessor já na próxima cimeira da NATO, em 11 e 12 de julho, em Vílnius, capital da Lituânia.
"Contudo, não está ainda identificada a pessoa que possa vir a assumir essas responsabilidades", esclareceu o governante, destacando o "quadro extremamente delicado" que o mundo atravessa, decorrente da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro do ano passado.
Cravinho acredita, no entanto que no próximo ano, ou até antes disso, se possa "identificar uma personalidade que possa corresponder ao momento que se vive na NATO e internacionalmente".
Na quinta-feira, foi revelado que os membros da NATO estão próximos de um acordo para a recondução de Jens Stoltenberg e a decisão final é esperada na próxima semana, disseram fontes diplomáticas à Lusa.
A mesma notícia foi veiculada por outras agências internacionais, referindo que uma reunião de embaixadores dos países membros deve ratificar em breve o entendimento.
"Todos estão de acordo. A renovação [do mandato de Stoltenberg] será formalmente registada e anunciada na próxima semana", disse, por sua vez, um diplomata da NATO à Agência France Presse.
A embaixadora dos Estados Unidos na NATO, Julianne Smith, não confirmou a existência de um acordo, mas disse aos jornalistas que um anúncio para o cargo de secretário-geral provavelmente será feito "nos próximos dias".
Sobre a próxima cimeira da NATO, João Gomes Cravinho não antecipou eventuais medidas adicionais de apoio de Lisboa, referindo apenas que "Portugal tem vindo a rever com grande frequência as suas possibilidades de apoio", sublinhando a generosidade portuguesa quando comparada com outros países e que Kiev pode continuar a contar com essa ajuda.
"Todos nós não olhamos para a cimeira como uma feira de vaidades em que cada um diz aquilo que pode trazer de novo", declarou o líder da diplomacia portuguesa, acrescentando que "o processo de apoio à Ucrânia é permanente, em constante revisão" e que, sempre que houver possibilidade, a ajuda será reforçada.
Portugal, prosseguiu, considera que em Vílnius será muito importante a discussão sobre toda a postura de defesa e dissuasão da NATO, bem como o relacionamento futuro da Aliança com Kiev.
Vários países-membros já anunciaram terem em preparação novas medidas de apoio à Ucrânia, a anunciar na cimeira da NATO, em concreto os Estados Unidos, que revelaram na quarta-feira sem detalhes um novo "pacote sólido" de ajuda a Kiev.
Lusa