Segundo dados hoje apresentados pela Direção-geral da Saúde, em 2016 foram diagnosticados 841 novos casos de infeção por VIH. Destes, 161 eram já casos de sida, o que pode significar um diagnóstico tardio da doença.
A diretora do Programa Nacional para a Infeção VIH, Sida e Tuberculose, reconhece que pode estar a haver casos de diagnóstico tardio, mas diz que ainda é cedo para fazer essa leitura direta.
"Pode haver um efeito de viés decorrente de haver a tendência de serem primeiro notificados os casos mais graves. É um dado a que estamos muito atentos. Pode ser por haver muitos diagnósticos tardios. Queremos ter a certeza se se deve a um diagnóstico tardio, apesar de todos os esforços que temos vindo a fazer, ou se é só um efeito de um viés de notificação", afirmou Isabel Aldir aos jornalistas no final da apresentação do relatório com os dados de 2016.
Em 2015 o valor percentual de casos de sida no total de notificações era de 15,3%, valor que subiu para 19,1% no ano passado.
Apesar de um aparente diagnóstico tardio, houve um crescimento de 86% dos testes rápidos do VIH nos centros de saúde e também um crescimento nos testes feitos pelas organizações de base comunitária.
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, considerou histórico verificar que o número de novos casos foi em 2016 o menor em pelo menos 15 anos e considerou que Portugal está em condições de trabalhar para "terminar com a epidemia de VIH/sida" no país.
De acordo com o relatório, de 2000 até 2016, o número de novos casos de VIH caiu cerca de 70%, estimando-se que haja cerca de 45 mil pessoas que vivem com a doença, que no ano passado matou cerca de 120 pessoas, número semelhante ao de 2015 e que parece estar a estabilizar depois de ter descido desde 2010.
O sexo masculino continua a ser o mais atingido pela infeção por VIH, mas mantém-se também o predomínio de casos de transmissão heterossexual (57% dos novos diagnósticos). Os homens que fazem sexo com homens representam 35% dos casos.
A doença continua a atingir fundamentalmente as grandes cidades, sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
Por isso mesmo, Portugal aderiu ao Programa "Cidades na via rápida para acabar com a epidemia VIH", com os municípios de Lisboa, Porto e Cascais, que hoje se comprometeram junto dos responsáveis da ONUSIDA.
As cidades que aderem a este programa comprometem-se atingir sete objetivos, entre os quais acabar com a epidemia do VIH/sida nas cidades até 2030 e atingir metas ambiciosas até 2020.