"Estes equipamentos também poderão servir para testar um projeto pensado para a França, para Estrasburgo e para Bordéus, porque consideramos que nos locais onde não seja possível formar uma turma, as novas tecnologias vão permitir a um professor ministrar à distância essas aulas", disse Paulo Cafôfo em declarações aos jornalistas.
O secretário de Estados das Comunidades está em França desde sexta-feira, tendo passado por Bordéus, e entregou hoje no Consulado-geral de Portugal em Paris dezenas de tablets a alunos das aulas de língua portuguesa em meio associativo na região de Paris. Dos cerca de 24.000 tablets destinados às crianças que aprendem português no Mundo, cerca de 1.200 vão ser distribuídos em França.
Estes dispositivos, que têm software em português e ferramentas de aprendizagem, vão servir, segundo anunciou também o secretário de Estado, a chegar aos alunos em França onde devido à falta de inscrições não é possível formar uma turma e colocar um professor de forma presencial.
"Há, é verdade, alunos que querem frequentar o ensino de português, mas a dispersão (de alunos) não permite que se forme uma turma e que se possa atribuir um professor. E, portanto, esta é uma situação que de forma complementar dará resposta aos alunos que hoje não conseguem aceder às aulas de português", explicou o governante.
Este projeto-piloto vai arrancar nas cidades de Estrasburgo e Bordéus já no início do ano escolar 2023-2024 e poderá, segundo Paulo Cafôfo, ser depois alargado ao resto da França.
Susana, que vive em Viry-Chatillon, nos arredores de Paris, e esteve hoje no Consulado-geral de Paris para vir buscar um destes tablets deu conta à Agência Lusa da dificuldade de inscrever o seu filho, agora com 14 anos, nas aulas de português.
"Da parte da escola foi muito complicado e depois aproximei-me diretamente da professora de português, que dá aulas numa associação, logo no segundo ano da escola primária e, a partir daí, continuou sempre", explicou esta portuguesa instalada em França, que diz que a ligação com Portugal do seu filho se reforçou graças ao domínio da escrita.
Em França, o ensino da língua portuguesa nas escolas primárias fica a cargo do Estado português através do Instituto Camões e a responsabilidade passa para o Estado francês a partir do sexto ano, quando se inicia o ensino básico em França. No entanto, muitos alunos acabam por aprender português em meio associativo devido à dificuldade de continuidade entre a escola primária e o ensino básico ou o fraco número de inscrições.
"Optámos por privilegiar o ensino paralelo (com a entrega de tablets), ligado ao movimento associativo, neste abraço que as associações dão à cultura portuguesa. A nossa preferência é entregar tablets ao ensino paralelo, porque a nossa prioridade são os lusodescendentes", explicou Paulo Cafôfo.
Segundo o secretário de Estado das Comunidades há atualmente 14 mil alunos a aprenderem português em França no ensino público e nas associações, estando colocados 102 professores de português através do Instituto Camões. Por enquanto, não se sabe se haverá um aumento de professores para o ano letivo 2023-2024.
Paulo Cafôfo seguiu esta tarde com o seu programa em França, tendo tido um encontro com os empresários de origem portuguesa em Paris e no domingo vai marcar presença na festa portuguesa de Pontault-Combault, uma das maiores em França.