Depois de o PSD ter realizado jornadas parlamentares no Funchal na segunda e terça-feira, e com eleições na região depois do verão, os dois maiores partidos escolheram a Madeira como tema das suas declarações políticas no plenário da Assembleia da República.
“Na sua visita à Região, ouvimos o presidente do PSD, Luís Montenegro, dizer que ‘na Madeira, vê-se o Portugal que queremos’. Ou desconhece a realidade da Madeira ou quer Portugal nas ruas da amargura. A Madeira é a Região do país com maior taxa de risco de pobreza e exclusão social”, afirmou o socialista Miguel Iglésias.
Além de problemas em áreas como a saúde ou a educação, o deputado do PS apontou também perigos ao nível das instituições: “Na Madeira, infelizmente, temos uma rede de dependências, de conluios, de interesses obscuros, de corrupção que mantém no poder quase há 50 anos o mesmo partido que controla todos os setores, públicos e privados”.
Já o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, elegeu a Madeira como “a região do país em que a transformação foi mais notável” nos últimos 50 anos, ligando este desenvolvimento à governação sempre social-democrata desde 1976 e deixando uma expectativa para as regionais de outubro.
“O Governo Regional da Madeira, liderado pelo PSD, em coligação com o CDS-PP, continuará a sua ação em prol do desenvolvimento da região e do bem-estar dos madeirenses e dos porto-santenses”, anteviu.
Com ironia, o deputado e ex-presidente da IL João Cotrim Figueiredo acusou o PS de criticar na Região Autónoma o que elogia no Continente e o PSD de fazer o contrário
“Nenhum sai bem nesta fotografia. Após 48 anos de governação do PSD nota-se um certo bafio, não estará na altura de abrir umas janelas e deixar entrar uma brisa liberal nas regionais do outono?”, questionou.
Pelo Chega, Rui Paulo Sousa criticou o PSD por trazer “propaganda turística” sobre a Madeira, considerando que não é essa a realidade dos madeirenses, com o BE e o PCP a acusarem o PSD de eleitoralismo e PAN e Livre a alertarem contra perigos de poder hegemónico na Região.
PS e PSD trocaram ainda acusações sobre as opções dos dois partidos na revisão constitucional, depois de, nas jornadas sociais-democratas na Madeira, o antigo líder parlamentar do partido Guilherme Silva ter criticado a opção a nível nacional de substituir o Representante da República por um mandatário para cada Região.
O deputado do PS Miguel Iglésias assinalou os “raspanetes em público” e acusou o PSD de “absoluto desrespeito pelos órgãos próprios das Regiões Autónomas”, com a deputada do PSD Sara Madruga da Costa a lamentar que os socialistas tenham “apresentado zero” nesta matéria, admitindo que as propostas do partido no capítulo das autonomias podem ser melhoradas.
Na resposta, o PS justificou nada ter apresentado em matéria de autonomias nesta revisão constitucional por respeito às Assembleias Legislativas da Madeira e dos Açores, que estão a discutir “propostas de reforma do sistema político regional, do Estatuto Político-Administrativo e da Lei das Finanças Regionais”.
Lusa