Em comunicado, a associação precisa que “só em abril foram registados 18 novos pedidos de ajuda, num total de 58 novos casos no primeiro quadrimestre de 2023”.
A média mensal o ano passado foi de 10,5 queixas.
“Sabemos que este aumento, apesar de significativo, continua a não representar a realidade dos homens e rapazes que foram vítimas de violência sexual, uma vez que são poucos os homens vitimados que procuram ajuda. Apesar de ser noticiado frequentemente, este é um tema que continua a ser tabu e não é fácil para as vítimas partilharem as suas histórias de abuso”, refere Ângelo Fernandes, fundador da Quebrar o Silêncio, citado no comunicado.
Segundo o representante da associação, os homens que a procuram “têm em média 39 anos”, embora tenha recebido pedidos de ajuda de pessoas entre os 16 e os 70 anos, de todas as regiões de Portugal e também de países de imigração de portugueses.
“A nível de escolaridade, estado civil, profissão e de outras características, o espectro é bastante diversificado e não é possível traçar um perfil dos sobreviventes", diz.
Para “informar e capacitar profissionais sobre como os abusadores chegam às crianças e as silenciam, mas também como conquistam a confiança dos adultos cuidadores”, a Quebrar o Silêncio está a finalizar “um guia com orientações para a prevenção da violência sexual contra crianças destinado a profissionais e instituições que tenham crianças a seu cargo como é o caso de escolas, campos de férias ou centros de acolhimento”, cujo lançamento está previsto para junho.
“É preciso clarificar que a responsabilidade da prevenção cabe aos adultos, à família e às instituições que as crianças frequentam”, adianta Ângelo Fernandes.
Desde que foi criada, em 2017, a Quebrar o Silêncio recebeu 652 pedidos de ajuda de homens e rapazes vítimas de abuso sexual.
Lusa