“Em relação àquilo que era a situação antes do 25 de Abril eu daria 17 valores. Em relação àquilo que são as expectativas que estão a subir em flecha e são mais altas da parte dos mais novos eu daria 14”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta a uma jovem estudante que pediu ao Chefe de Estado para avaliar a democracia portuguesa com uma nota de 0 a 20.
Marcelo falava durante as comemorações dos 50 anos do III Congresso da Oposição Democrática, que começaram hoje de manhã na Universidade de Aveiro.
O Presidente da República justificou a nota mais baixa pelo facto de os mais velhos terem sonhado “imenso” no 25 de Abril e, atualmente, muitos deles sentirem-se “num gueto”, porque houve coisas que “a partir de determinado momento deixaram de ser feitas”.
Por outro lado, Marcelo diz que os mais novos “não percebem muito da situação atual, e perguntam como é que os velhinhos deixaram isto nesta situação, ainda estamos nesta situação e não melhora mais depressa”.
Durante a sua intervenção, o Chefe de Estado começou por dar uma lição de história sobre os momentos mais importantes vividos em Aveiro relacionados com a construção da democracia em Portugal e aproveitou a oportunidade para explicar aos jovens que o 25 de Abril “não caiu do céu aos trambolhões”.
Num segundo momento, o Presidente respondeu a várias perguntas da plateia formada maioritariamente por jovens estudantes, sobre vários assuntos como a educação, a regionalização e a eutanásia.
Organizada pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, a iniciativa pretende evocar o III Congresso da Oposição Democrática que se realizou em Aveiro entre 4 e 8 de abril de 1973, com o objetivo de preparar um programa comum e listas unitárias para enfrentar o partido do regime, na campanha eleitoral que se aproximava.
“Da Memória ao Futuro: o III Congresso da Oposição Democrática, 50 anos depois” é o mote desta iniciativa que decorre hoje e quinta-feira em Aveiro e Lisboa.
Em Aveiro, o evento será focado no futuro e tem a curadoria de Carlos Jalali e Patrícia Silva, docentes da Universidade.
Em Lisboa, no Centro Cultural de Belém (CCB), haverá duas sessões dedicadas à memória, nas tardes dos dias 19 e 20 de abril, com curadoria de Rui Bebiano e de Aniceto Afonso.
Lusa