“Aceitei sair de uma empresa com total boa-fé, à qual me entreguei com todo o meu compromisso”, afirmou Alexandra Reis, que está a ser ouvida na comissão de inquérito parlamentar à TAP, na Assembleia da República, na sequência da polémica indemnização de meio milhão de euros.
A também ex-secretária de Estado disse ainda que, enquanto membro da comissão executiva da companhia aérea manifestou sempre de forma construtiva as suas visões, “mesmo quando estas não eram coincidentes com as da nova CEO”.
“No entanto, e isto é importante, nenhuma delas beliscou uma única vez, repito, uma única vez que fosse, o meu compromisso com a implementação do plano de reestruturação”, sublinhou.
A ex-secretária de Estado detalhou que a presidente executiva a informou, em 25 de janeiro de 2022, que pretendia distribuir os seus pelouros e terminar os seus vínculos à empresa, "de administradora e de trabalhadora" e que iria contratar uma sociedade de advogados para tratar do processo.
"Acedi no dia seguinte, 26 de janeiro, a essa solicitação, porque não queria de forma alguma criar um problema institucional no seio da comissão executiva da TAP", realçou.
Alexandra Reis protagoniza a polémica que estalou no Natal, quando era secretária de Estado de Tesouro e o Correio da Manhã noticiou que tinha recebido uma indemnização de meio milhão de euros para sair da TAP, onde era administradora, dois anos antes do previsto.
Depois de deixar a companhia aérea, em fevereiro de 2022, a ex-governante assumiu a presidência do Conselho de Administração da NAV Portugal – Navegação Aérea, antes de ser nomeada pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, para secretária de Estado.
De acordo com a presidente executiva da companhia aérea, Christine Oumières-Widener, que foi ouvida na comissão de inquérito na terça-feira, a iniciativa para a saída de Alexandra Reis partiu da TAP, por desalinhamento de opiniões para a execução do plano de reestruturação da empresa.
Na sequência das conclusões da auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF), o Governo ordenou a restituição de grande parte do valor da indemnização, que Alexandra Reis disse devolver por vontade própria, embora discorde do entendimento da IGF, de que houve falhas graves no processo.