“A Ucrânia não será capaz de cumprir o ultimato. Nós não poderemos fazê-lo fisicamente. Como é que isso pode ser feito? Eles teriam que eliminar-nos a todos e então o seu ultimato seria cumprido automaticamente”, realçou Volodymyr Zelensky durante uma entrevista com órgãos de comunicação social europeus.
Volodymyr Zelensky deu como exemplo: “Entreguem-nos Kharkiv, entreguem-nos Mariupol, entreguem-nos Kiev. Nem o povo de Kharkiv, de Mariupol ou de Kiev podem fazer isso”.
O chefe de Estado ucraniano realçou que mesmo em cidades já ocupadas pelos russos, como Melitopol ou Berdyansk, quando as forças russas entram o povo não se rende.
“[Os russos] levantam a bandeira, o povo tira-a. Mataram um homem, sim, as pessoas escondem-se, mas à noite eles saem e derrubam a bandeira novamente. O que é que querem? Destruírem-nos a todos? Só podemos cumprir o ultimato quando não estivermos mais aqui", salientou.
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, tem sido foco de combates com forças russas, que aplicaram um cerco que dura há vários dias, sem final à vista.
Cerca de 400.000 pessoas ficaram presas em Mariupol durante mais de duas semanas, enquanto decorriam fortes bombardeamentos russos que cortaram a eletricidade, aquecimento e abastecimento de água, segundo fontes das autoridades locais.
A Rússia pediu no domingo que as forças ucranianas se rendessem e deixassem Mariupol "sem armas", algo que Kiev descreveu como um "delírio".
O ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, disse hoje que a resistência de Mariupol, fortemente bombardeada pelos russos durante dias, está "a salvar" outras cidades, como Dnipro, Kiev e Odessa, da intensificação de uma ofensiva contra elas.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 925 mortos e 1.496 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,48 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa