“Informamos que a Sandra Rodrigues irá assegurar interinamente as funções do Diretor de Pessoas e Cultura, no contexto do processo de inquérito instaurado, que determina a suspensão de funções do Pedro Ramos até à conclusão do mesmo”, informou a companhia aérea, numa nota enviada hoje aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, assinada pelo presidente da Comissão Executiva, Ramiro Sequeira, e pela administradora executiva Alexandra Reis.
Em causa está um vídeo publicado na página do Facebook de João Falcato, trabalhador da TAP com responsabilidades na área dos Recursos Humanos da Manutenção & Engenharia da TAP, no qual surge acompanhado pelo diretor de Recursos Humanos da companhia aérea, Pedro Ramos, afirmando que se encontram em Madrid, Espanha, a recrutar pessoas para a TAP Madrid, para o departamento de carga.
O Conselho de Administração da TAP decidiu, na terça-feira, abrir um inquérito seguido dos procedimentos disciplinares aplicáveis aos dois responsáveis dos recursos humanos que aparecem no vídeo publicado nas redes sociais.
“Tendo tomado conhecimento de uma publicação nas redes sociais na qual intervêm, a título pessoal, dois trabalhadores da companhia, com responsabilidades na área dos recursos humanos e dado o momento que a TAP vive, em que a todos nós são pedidos sacrifícios, decidiu o conselho de administração abrir, de imediato, um processo de inquérito seguido dos procedimentos disciplinares aplicáveis a esta situação”, disse fonte oficial da TAP em resposta à Lusa.
“Neste momento delicado da vida da companhia, o Conselho de Administração expressa a sua solidariedade para com todos os trabalhadores da TAP e apela ao bom senso e recato de todos”, acrescentou a mesma fonte.
O Ministério das Infraestruturas e da Habitação disse estar “indignado” com o vídeo que circula com dois trabalhadores com responsabilidades nos Recursos Humanos da TAP, no qual referem estar em Madrid a recrutar pessoal para a transportadora.
A TAP está a ser alvo de um processo de reestruturação, devido à situação financeira difícil causada pela pandemia, que implicou a redução do número de trabalhadores.
Em 2020, a TAP voltou ao controlo do Estado português, que passou a deter 72,5% do seu capital, depois de a companhia ter sido severamente afetada pela pandemia de covid-19 e de a Comissão Europeia ter autorizado o auxílio estatal de 1,2 mil milhões de euros.
Já este ano, no final de abril, a Comissão Europeia aprovou um novo e intercalar auxílio estatal de Portugal à TAP, no valor de 462 milhões de euros, para novamente compensar prejuízos decorrentes da pandemia e, segundo a transportadora, garantir liquidez até à aprovação do plano de reestruturação por Bruxelas (que ainda decorre).