No domingo de Páscoa, um boneco, feito de roupa velha, cartão e restos de tecido, foi colocado numa cadeira na zona da La Candelária, no centro da capital venezuelana, com as fotografias dos quatro intitulados “culpados de alta traição” na cabeça e incendiado depois de lida uma sentença.
“Em pleno centro da cidade de Santiago de León de Caracas, lemos o testamento do Judas, Vladimir e os filhos de Putin, Maduro, Meléndez (Carmen, autarca da capital) e Reverol (Néstor, ministro da Energia Elétrica venezuelano)”, afirmou, em declarações aos jornalistas, Carlos Júlio Rojas, um dos promotores da iniciativa.
Ao explicar o propósito da ação, Carlos Júlio Rojas precisou que “os Judas” foram queimados porque “são culpados de alta traição e de ter um legado de guerra, fome, apagões e de destruição da história”.
Em relação a Putin, o representante argumentou que o Presidente russo “é um ícone da guerra” por ter invadido a Ucrânia e “é um dos pilares que sustem Nicolás Maduro no poder”.
Não é a primeira vez que os venezuelanos queimam um boneco com o rosto de Maduro.
Desta vez, e de acordo com Carlos Júlio Rojas, o líder venezuelano foi visado porque representa “a fome, miséria, repressão, tortura e principalmente a alta traição de entregar os recursos da Venezuela a impérios estrangeiros como a Rússia e a China, para manter-se no poder”.
Sobre a presidente da Câmara Municipal de Caracas, Carmén Meléndez, também criticada na ação, Carlos Júlio Rojas denunciou que a autarca “humilhou os símbolos históricos da capital” ao impor recentemente mudanças na bandeira, hino e escudo da cidade.
Já o ministro da Energia Elétrica, Néstor Reverol, foi apontado como culpado pelos frequentes apagões no país.
No domingo, várias zonas de 10 dos 23 estados da Venezuela registaram apagões no fornecimento de energia elétrica, confirmou a estatal Corporação Elétrica Nacional (Corpoelec), após organizações terem alertado para cortes desde as primeiras horas da manhã.
Na Venezuela, as comunidades locais têm a tradição no domingo de Páscoa de realizar a chamada “Queima do Judas”.
Esta tradição pascal tem um significado simbólico de justiça popular e permite à população expressar as suas queixas sobre distintos acontecimentos e o seu descontentamento em relação às principais figuras políticas do país ou internacionais.
Lusa