O anúncio foi feito através da televisão estatal venezuelana, que mostrou imagens da chegada de um avião da companhia aérea Cubana de Aviação e do descarregamento de dois contentores com a vacina cubana.
“Assinámos contratos para 12 milhões de vacinas Abdala, que receberemos nos próximos meses”, disse a governante, sem precisar o total de doses já recebidas, e afirmando que goza de uma eficácia "das melhores do mundo".
Delcy Rodríguez frisou ainda que é “um sucesso gigante” que Cuba possa oferecer ao mundo a vacina contra a covid-19, apesar do bloqueio dos Estados Unidos,
“Os bloqueios são um crime, são contrários ao Direito Internacional público”, disse a governante, destacando que a chegada da vacina a Caracas coincide com o bicentenário da Batalha de Carabobo, que levou à expulsão das tropas espanholas, no âmbito da luta pela independência da Venezuela.
A Academia Nacional de Medicina da Venezuela (ANM, equivalente à Ordem dos Médicos) já manifestou preocupação pelo anúncio de que o Governo venezuelano vai usar os "candidatos a vacinas” experimentais Soberana 02 e Abdala no processo de imunização da população venezuelana.
“Perante a possibilidade de que, por razões eminentemente políticas, se introduzam esses dois [produtos] biológicos na Venezuela, é necessário esclarecer a realidade da situação. Ambos os candidatos a vacina [Soberana 02 e Abdala] estão baseados em desenvolvimentos experimentais semelhantes aos que estão a ser estudados por outros laboratórios no mundo, mas ainda não resultaram no desenvolvimento de nenhuma vacina de comprovada eficácia”, explicou a ANM, em comunicado.
O documento explica que a principal fonte de informação sobre aqueles produtos cubanos são o jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista Cubano, e que, sobre a Soberana 02, "há uma publicação sobre o seu efeito em modelos animais, e da Adbala não há nada publicado”.
A ANM diz que aqueles produtos precisam de autorização de organismos como a agência norte-americana do medicamento (FDA, em inglês) ou a Agência Europeia dos Medicamentos e uma opinião da Organização Mundial da Saúde e da Organização Pan-americana da Saúde.
Desde março de 2020 que a Venezuela está em quarentena preventiva e atualmente tem um sistema de sete dias de flexibilização, seguidos de outros sete dias de confinamento rigoroso.
O país contabilizou 3.007 mortes e 264.551 casos da doença, desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais divulgados em 23 de junho.