O anúncio foi feito aos jornalistas pelo economista e diretor da Ecoanalítica, Asdrúbal Oliveros, sublinhando que se trata de uma reconversão importante e necessária, porque “as empresas trabalham com o bolívar como unidade de conta” mas no país são cada vez comuns os pagamentos em dólares norte-americanos.
“Todas as empresas refletem a faturação em bolívares, nos seus estados de conta, na sua atuação perante os organismos oficiais. Os sistemas de faturação estão instalados com base em bolívares e não com bolívares (…) as empresas estão esperando o anúncio da reconversão que se fará em questão de dias”, disse.
Por outro lado, explicou que uma vez anunciada a nova reconversão, “a banca e o comércio necessitará de pelo menos 3 meses para adequar-se” porque é necessário “um esforço tecnológico, logístico, para eliminar os zeros que o Estado estabeleça”.
“Ainda não sabemos se são cinco ou três zeros, mas demorará três meses para instalar sistemas operacionais, adequar o software e as máquinas registadoras”, explicou.
Segundo Asdrúbal Oliveros a medida permitirá “às pessoas pagar com menos zeros” mas continua a ser necessário encontrar soluções para o problema da hiperinflação no país ou em pouco tempo o Estado terá que fazer uma outra reconversão.
No seu entender o dólar norte-americano é o elemento que marca a expetativa de inflação no país e tem registado uma desvalorização significativa nos últimos dias, pelo que “se acendem os alarmes dos agentes” e “termina elevando os preços”.
No entanto, disse, há outros fatores internos e externos que incidem na inflação como a falta de gasóleo para transportar alimentos e mercadorias no país e “a pressão do aumento (do preço) da matéria prima a nível internacional, dos fretes, devido à dinâmica económica, após a recuperação dos países que estão vacinando” a população contra a covid-19, “coisa que não acontece na Venezuela”.
“Isso afeta os preços dentro na Venezuela, porque a nossa economia tem um altíssimo componente importado”, frisou.
Por outro lado, segundo o economista Ronald Balza, no sistema monetário venezuelano coabitam, desde há décadas, o bolívar soberano e o dólar norte-americano que agora é mais visível porque circula à vista de todos.
“Não há suficiente ‘efetivo’ (dinheiro em notas) a circular. Na Venezuela se usam contas bancárias em bolívares, mas os pagamentos realizam-se com dólares em ‘efetivo’”, disse.
Em 2008 a Venezuela eliminou três zeros do Bolívar (Bs. moeda nacional), que passou a chamar-se Bolívar Forte (Bs.F).
Em 2018, uma nova reconversão eliminou cinco zeros ao Bolívar Forte e a moeda nacional passou a chamar-se Bolívar Soberano (Bs.S).