“Juan Guaidó (líder da oposição) faz um apelo a todos os cidadãos para protestarem e reunificarem a luta (…) contra uma medida que trará mais fome e pobreza ao nosso povo”, lê-se no texto do acordo aprovado pela maioria parlamentar opositora.
A oposição acusa o Governo do Presidente Nicolás Maduro de ter feito falir a empresa estatal Petróleos da Venezuela SA e de agora querer “que os cidadãos paguem por tudo o que eles roubaram”.
“Na Assembleia Nacional condenamos categoricamente um aumento inconstitucional e discriminador”, sublinham.
Segundo a oposição, o aumento do preço do combustível de 0,0002 (0,00018 euros) para 0,50 (0,45 euros) por litro é “descomunal e não tem qualquer relação com o salário mínimo atual dos venezuelanos que é de aproximadamente 4,66 dólares (4,19 euros) mensais” e tem lugar num contexto económico negativo com mais de 29 meses de hiperinflação, uma moeda praticamente sem valor e uma emergência humanitária complexa.
O aumento da gasolina vai fazer surgir um mercado negro e fomentará a corrupção, afetando a prosperidade e o bem-estar do povo, diz a oposição.
O Presidente Nicolás Maduro anunciou, sábado, que a partir de 01 de junho o país vai ter um novo esquema para a venda de combustível, cujo preço será afixado pela primeira vez em dólares norte-americanos, com subsídios para alguns setores através do Cartão da Pátria, promovido pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo), uma situação que a oposição diz ser discriminadora.
“Chegou a hora de avançar com uma nova política, uma nova realidade (…). A partir da segunda-feira, 01 de junho, vamos abrir todas as estações do país com um novo esquema de preços”, disse Nicolás Maduro, no sábado, durante uma intervenção transmitida em simultâneo e de maneira obrigatória pelas rádios e televisões do país.
Segundo Nicolás Maduro os portadores do Cartão da Pátria vão ver atribuído o subsídio até aos 120 litros mensais por viatura e 60 litros para motocicletas.
O transporte público de passageiros e de carga terá um subsídio de 100% na compra do combustível, durante os próximos 90 dias, para não afetar o preço dos bilhetes.
Durante os próximos 30 dias, para se abastecerem, os motoristas deverão dirigir-se às bombas de combustível no dia correspondente ao último número da matrícula de cada viatura.
O aumento da gasolina ocorre depois de várias semanas de escassez de combustível, devido à impossibilidade das refinadoras continuarem a produzir o produto.
A escassez obrigou os motoristas a fazer filas de três e quatro dias para abastecer 20 litros de combustível, muitas vezes sem sucesso, e vários setores da economia, principalmente a agricultura.
Apesar de ser possível encher o depósito com menos do que custa uma garrafa de água pequena, a escassez originou um mercado negro no qual cada litro de gasolina chegou a ser vendido por três euros.
Na semana passada chegaram à Venezuela cinco navios com combustível proveniente do Irão, uma operação que foi questionada pelos EUA por alegadamente violar a segurança regional.
C/Lusa