O porta-voz da OIM, Joel Millman, declarou hoje em conferência de imprensa que a situação está a converter-se “num momento de crise” semelhante ao que se tem visto noutras partes do mundo, “particularmente no Mediterrâneo”.
Para Millman, a comunidade internacional deve “começar a alinhar as suas prioridades, financiamento e meios para administrar” no êxodo migratório dos venezuelanos devido à crise económica, política e social no seu país, assim como o posterior acolhimento.
O porta-voz da OIM disse que “o que é uma situação difícil pode converter-se rapidamente numa crise”, ainda que tenha sublinhado o “trabalho magnífico” dos países latino-americanos em receber os venezuelanos que abandonam o seu país.
“Vemos ondas de violência no Brasil (contra venezuelanos na cidade fronteiriça de Pacaraima) e as medidas restritivas de alguns governos (com a exigência de passaportes na entrada de Equador e Peru) como um primeiro alerta de que uma situação difícil pode converter-se numa situação de crise muito rapidamente e temos de estar preparados”, disse Millman.
“Enfatizamos que muitos migrantes, particularmente adolescentes e menores de idade, não têm acesso a estes documentos” de identificação, acrescentou.
Segundo a OIM e o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), cerca de 2,3 milhões de venezuelanos vivem atualmente fora do seu país.
Mais de 1,6 milhões saíram desde 2005 da Venezuela e 90% encontram-se em países da América Latina.
Desde 2015, cerca de 500.000 venezuelanos receberam algum tipo de estatuto de residência formal na América Latina, segundo a OIM.
Os responsáveis da OIM, William Lacy Swing, e do ACNUR, Filippo Grandi, expressaram na quinta-feira a sua solidariedade com os países que recebem os venezuelanos que deixaram o seu país e pediram à comunidade internacional mais apoio aos países latino-americanos e às comunidades dentro deles que acolhem esses cidadãos.
O porta-voz do ACNUR, Andrej Mahecic, expressou preocupação sobre os recentes atos de violência e manifestações xenófobas contra imigrantes em alguns países da América Latina, porque "aumentam a estigmatização e prejudicam os esforços de integração".
“A solidariedade é a chave. Até ao momento, tem sido exemplar", afirmou Mahecic, no entanto.
Andrej Mahecic disse que em 2016 houve mais de 30.000 pedidos de refúgio de venezuelanos na região; em 2017 houve 100.000 solicitações; e, em 2018, já somam mais de 130.000.
LUSA