“[Peço] que a UE entre noutro entendimento e que haja uma retificação profunda, histórica, sobre o papel que tem tido na sua relação com a Venezuela”, disse Nicolás Maduro.
O chefe de Estado venezuelano falava durante um ato de promoção de militares, em Caracas, capital do país, onde pediu o apoio dos venezuelanos para “este acordo diplomático necessário”.
Maduro começou por explicar que teve de “tomar uma decisão soberana, digna, dura, difícil”, de “declarar a embaixadora ‘persona non grata’ e dar-lhe 72 horas para abandonar o país”, perante “as sanções ilegais” da União Europeia.
O Presidente referiu que o ministro venezuelano das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, teve uma conversa telefónica com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, que “foi tensa e dura no começo”, durante a qual a Venezuela “fez uma reclamação sólida sobre a ilegalidade e a injustiça” das sanções.
“Surgiu a ideia de se tomar o caminho do diálogo político, diplomático, de elevar o nível do diálogo e aprofundar e dinamizar o diálogo direto (…)”, referiu Maduro, adiantando que se decidiu “suspender a expulsão da embaixadora”.
Para Nicolás Maduro, é “o mais inteligente e apropriado, e também o que corresponde” ao que o país procura: “Que o mundo ouça a verdade da Venezuela".
A Venezuela recuou, esta quinta-feira, na decisão de expulsar a representante da UE, a diplomata portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, após uma conversa telefónica entre os chefes de diplomacia das duas partes.
Num comunicado conjunto, o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, e o ministro para as Relações Externas da Venezuela, Jorge Arreaza, indicam que “concordaram na necessidade de manter o quadro das relações diplomáticas, especialmente numa altura em que a cooperação entre ambas partes pode facilitar os caminhos do diálogo político”.
“Como consequência, o Governo venezuelano decidiu deixar sem efeito a decisão tomada em 29 de junho de 2020, através da qual declarou ‘persona non grata’ a embaixadora Isabel Brilhante Pedrosa, chefe da delegação da União Europeia em Caracas”, lê-se no comunicado, divulgado em Bruxelas pelo Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE).
O comunicado conjunto do SEAE e do Ministério do Poder Popular para as Relações Externas da República Bolivariana da Venezuela, dirigido a toda a comunidade internacional, concluiu que as autoridades da UE e da Venezuela “acordaram promover contactos diplomáticos entre as partes ao mais alto nível, no quadro de uma cooperação sincera e do respeito do Direito Internacional”.
Esta mais recente crise diplomática entre a UE e a Venezuela, agora sanada, teve início na passada segunda-feira, quando, poucas horas depois de Bruxelas ter sancionado mais 11 funcionários de Caracas, o regime de Nicolás Maduro decidiu expulsar a representante da UE, Isabel Brilhante Pedrosa, em funções na Venezuela desde fevereiro de 2018, dando-lhe 72 horas para abandonar o país.
“Quem são eles para sancionar, para se tentarem impor com a ameaça? Quem são? Basta! É por isso que decidi dar à embaixadora da UE em Caracas 72 horas para deixar o nosso país e exigir respeito da UE”, disse na ocasião Maduro, numa intervenção televisiva.
A UE condenou de imediato a decisão e advertiu que seriam tomadas medidas de reciprocidade, tendo Borrell exortado as autoridades venezuelanas a revogar a decisão, apontando que a medida só traria um “maior isolamento internacional” de Caracas.
A diplomata já tinha previsto deixar a Venezuela no próximo sábado.