A ordem de despejo apanhou de surpresa os proprietários e acontece depois de o Governo venezuelano autorizar a venda de gasolina no país a preços internacionais, no âmbito da escassez de combustível que obrigou a Venezuela importar gasolina do Irão.
As primeiras notificações, segundo o portal digital Efecto Cocuyo, tiveram lugar no último sábado e pelo menos três dezenas de estações privadas passaram para as mãos do Estado, 14 delas na cidade de Caracas.
Uma das primeiras bombas expropriadas foi a de Parque Cristal (leste de Caracas) cujo proprietário explicou aos jornalistas que há 35 anos que a família administrava aquela estação.
Nas notificações, segundo a imprensa local, a PDVSA justifica a decisão porque “o abastecimento de combustível é um serviço público de primeira necessidade, de cumprimento obrigatório, que não pode ser interrompido sob nenhum pretexto ou circunstância e que deve ser prestado a quaisquer usuários que pague pelo produto”.
O líder da oposição, Juan Guaidó, condenou a expropriação das estações de combustível e acusou o regime de ter “destruído a indústria petrolífera” e estar agora a “fazer da gasolina um negócio”.
“A ditadura tirou arbitrariamente as licenças de operação a mais de 35 estações de serviço em todo o país”, denunciou.
Por outro lado, a Câmara de Comércio de Caracas emitiu um comunicado exigindo ao executivo, às autoridades e diretores de empresas públicas que garantam os direitos fundamentais das empresas e empresários.
O comunicado insta ainda as autoridades a que evitem atuações que não contribuam para a reativação económica do país, o estabelecimento e a estabilidade das fontes geradoras de trabalho, riqueza e bem-estar.
Depois de várias semanas de escassez de combustível, o Governo venezuelano anunciou que a venda de gasolina no país passava a preços internacionais, eliminando o subsídio que fazia que fosse mais barata que a água.
O aumento dos preços teve lugar depois de a Venezuela receber, pela primeira vez, 1,5 milhões de barris de gasolina do Irão, enquanto atravessa sanções impostas pelos Estados Unidos contra Caracas, que dificultam a importação de combustível.
Segundo a Federação de Associações de Empresários de Hidrocarbonetos, alguns proprietários de estações de serviço estão a pedir reuniões à PDVSA e ao Ministério do Petróleo para tratar das expropriações.
Na Venezuela existem 1.680 estações de serviço de abastecimento de combustível, a maioria de propriedade privada.