António Costa falava na Assembleia da República, no segundo debate sobre política geral deste ano, em resposta a uma intervenção inicial da presidente do Grupo Parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes.
"Vivemos um período em que a incerteza caracteriza a gestão – incerteza até onde menos se espera", salientou o líder do executivo, numa alusão à decisão de se suspender "por dois três dias" a administração da vacina da AstraZeneca.
De acordo com o primeiro-ministro, "perante as dúvidas suscitadas – e sendo essencial a confiança da população nas vacinas que estão a receber -, era importante esperar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Europeia do Medicamento (EMA) fizessem uma reavaliação".
"A verdade é que todo o plano de vacinação até agora tem decorrido conforme o previsto. Já temos várias das categorias da primeira fase cobertas a 100% e vamos manter o objetivo de 80% da população com mais de 80 anos vacinada até ao final deste mês", declarou.
Ainda segundo António Costa, estão vacinados "a 100% os doentes hemodialisados e muitos dos setores fundamentais".
"Vamos prosseguir com este processo, embora, naturalmente, sujeitos aos ajustamentos", observou, dando, como exemplo, o adiamento por uma semana do início da vacinação do pessoal docente.
Na resposta a Ana Catarina Mendes, numa nota mais pessoal, António Costa referiu que tem sido abordado por alguns cidadãos que lhe dizem que não gostariam de estar neste momento no seu lugar de responsável máximo do executivo.
"Mas eu tenho muita honra de estar meu lugar neste momento que o país enfrenta. Não desejo a ninguém que alguma vez tenha de enfrentar aquilo que nós temos enfrentado ao longo do último ano. E agradeço a todos a forma como em conjunto o temos feito, entre todas as divergências que existem", declarou, dirigindo-se aqui diretamente aos deputados.
Neste ponto, o primeiro-ministro assinalou que Portugal tem vivido "um tempo imenso" em estado de emergência, mas "sem que as liberdades fundamentais sejam postas em causa.
Para o efeito, António Costa destacou que neste período o país já realizou dois atos eleitorais: primeiro as regionais dos Açores, depois, em janeiro último, as presidenciais.
No plano da economia, o primeiro-ministro sustentou que "o músculo" revelado pelo Estado Português na resposta à crise só foi possível por terem existido antes "cinco anos de gestão orçamental rigorosa".
"Os resultados da criação de emprego permitiram reforçar a sustentabilidade da Segurança Social, que ganhou 22 anos de solidez ao longo da última legislatura. Todos nos recordamos que o grande debate do Orçamento para 2020 era se íamos ter um grande excedente orçamental nesse ano. Felizmente, tivemos esse excedente em 2019, porque em 2020 tivemos mesmo um dos maiores défices das últimas décadas", acrescentou.