Afeganistão, Iémen, Síria e Etiópia, foram alguns dos países citados pela diretora-geral da agência, Henrietta Fore, num balanço feito sobre 2021, lamentando que os menores de idade continuem a morrer e a sofrer, refere o órgão de comunicação oficial das Nações Unidas ONU News.
A Somália foi o país onde se registou o maior número de sequestros e raptos de crianças.
Segundo a Unicef, apenas menos de metade das partes envolvidas em conflitos no mundo se comprometeram de facto a proteger as crianças.
Assim, o ano de 2021 "foi marcado por graves violações aos direitos dos menores de idade", refere o ONU News.
No último dia do ano, a Unicef alertou para “o preço arrasador que milhares de crianças estão a pagar” por causa de conflitos armados, violência intercomunitária e insegurança.
Na semana passada, por exemplo, quatro menores morreram em ataques no estado de Kayah, leste de Myanmar (antiga Birmânia), acrescenta.
A diretora executiva da agência da ONU sublinhou que “ano após ano, os lados em conflito continuam a demonstrar desprezo pelo bem-estar” dos menores. Henrietta Fore disse que “as crianças estão sofrendo e morrendo devido a esta insensibilidade” e pediu mais esforços “para proteger os menores desses perigos”.
A Unicef esclareceu que os dados de 2021 ainda não estão disponíveis, mas recordou que já em 2020 foram cometidas 26,4 mil violações graves contra crianças, um total registado pela ONU.
Mas, nos primeiros três meses de 2021, os casos de sequestro ou de violência sexual continuaram a subir para níveis alarmantes: mais de 50% e 10% respetivamente, em comparação com o mesmo período de 2020.
A Somália foi o país que registou o maior número de sequestros ou rapto de menores, seguida da República Democrática do Congo e da Bacia do Lago Chade (região integrando Chade, Nigéria, Camarões e Níger).
A agência da ONU para a infância revela ainda que o Estados com maiores números de casos de violência sexual em crianças foram a RD Congo, Somália e República Centro-Africana.
Nos últimos 16 anos, as Nações Unidas confirmaram que houve 266 mil casos de graves violações contra crianças em mais de 30 conflitos em várias regiões do mundo, mas os números reais podem ser muito maiores.
O Afeganistão, por exemplo, é o país com o maior número de mortes de crianças em conflito desde 2005: 28,5 mil. Já o Médio Oriente e o norte da África foram as regiões com os números mais elevados de ataques a escolas e hospitais: 22 só no primeiro semestre deste ano.
No Iémen, pelo menos 10 mil crianças morreram ou ficaram feridas desde que os confrontos começaram, em 2015, o que equivale a quatro crianças por dia.
A ONU também confirma ter havido violações nos Camarões, na Colômbia, na Líbia, em Moçambique e nas Filipinas.
De acordo com o Unicef, no ano passado, o uso de explosivos, remanescentes de guerra, mataram ou feriram um total de 3,9 mil crianças.
Outro problema realçado pela agência é o recrutamento de crianças para combates, especialmente em países africanos, como Somália e RD Congo.
Assim, a Unicef apela a todas as partes em conflito para que implementem planos de ação e medidas concretas para proteger as crianças e evitar que graves violações ocorram.