O chefe de Estado do Senegal criticou as insuficiências de organizações como o Conselho de Segurança das Nações Unidas e o G20, durante a sua intervenção na abertura da 8ª edição do Fórum Internacional de Dakar, conferência que reúne líderes e peritos internacionais durante dois dias, com o tema: "África face a choques exógenos: desafios de estabilidade e soberania".
Sall enumerou as dificuldades que o continente africano enfrenta: a propagação do fundamentalismo islâmico, as consequências das crises climáticas e sanitárias e a guerra na Ucrânia, além do ressurgimento dos golpes de Estado.
"O quadro não é brilhante" em África, admitiu.
"O terrorismo, que está a ganhar terreno no continente, não é apenas um assunto africano, é uma ameaça global", disse, na presença dos seus homólogos angolano, João Lourenço, e cabo-verdiano, José Maria Neves, que são convidados no evento deste ano, que está a ser realizado em língua portuguesa.
Para Macky Sall, "a inércia do Conselho de Segurança [das Nações Unidas] na luta contra o terrorismo em África reflete o fracasso do sistema multilateral".
O líder em exercício da União Africana defendeu que “para inspirar confiança e apoio, o multilateralismo deve servir os interesses de todos", ou então "perderá a legitimidade e a autoridade ligadas à sua autoridade".
"Face ao terrorismo, as operações clássicas de manutenção da paz da ONU mostraram os seus limites", sustentou.
Macky Sall advogou uma mudança da “doutrina das operações de manutenção da paz, que deve ser atualizada integrando plenamente a luta contra o terrorismo, inclusive em África”.
O presidente citou também "mudanças inconstitucionais de governo", referindo-se a uma sucessão de golpes de Estado que abalaram o continente nos últimos anos, nomeadamente no Mali, Guiné-Conacri, Sudão ou Burkina Faso.
"Estas práticas não são aceitáveis. Eles não podem servir como remédio para os nossos males. Pelo contrário, eles agravam-nos e atrasam-nos no caminho do desenvolvimento", salientou.