“Estou a acompanhar com grande preocupação o que se passa ao nível da Europa”, disse Miguel Albuquerque, à margem da visita que efetuou hoje às instalações do Banco Alimentar – Mão Solidária, no Funchal.
No entender do chefe do executivo madeirense, “o Primeiro-ministro holandês tem eleições internas e está a por em causa a União Europeia devido às eleições internas".
“Este Mark Rutte tem feito uma figura ridícula, é o que eu acho”, complementou.
Para Albuquerque, o Primeiro-ministro da Holanda “anda a fazer figura triste, ao tentar reduzir o fundo, que estava bem calculado, em função daquilo que são as suas as necessidades” eleitorais internas.
“A Itália, que é uma das economias mais poderosas da União Europeia, está devastada e é preciso haver apoios a fundo perdido para recuperar a economia”, sustentou.
Miguel Albuquerque alertou que “se a economia europeia não recupera, a Holanda também não vai a lado nenhum, porque é um pais exportador”.
O Conselho Europeu decorre em Bruxelas desde sexta-feira de manhã em busca de um acordo para o relançamento europeu após a crise da covid-19, procurando uma plataforma de entendimento em torno do Quadro Financeiro Plurianual para 2021-2027 e o Fundo de Recuperação.
O Primeiro-ministro indicou hoje que Portugal irá receber 15,3 mil milhões de euros do Fundo de Recuperação, segundo acordo de princípio alcançado pelos líderes da UE na última madrugada, que considerou “bom”, apesar de menos ambicioso que o plano original.
“Acho que o acordo alcançado é um bom acordo, ficou no limite daquilo que faria que com que este fundo não fosse um fundo suficientemente robusto para responder a esta primeira fase da crise. E, na combinação entre empréstimos e subvenções, acho que ficaremos com um fundo que terá 700 mil milhões de euros. É de qualquer forma um passo histórico ser constituído um fundo desta natureza com base na emissão de dívida pela Comissão”, afirmou António Costa.
O Primeiro-ministro, que falava em Bruxelas antes do início formal do quarto dia de Conselho Europeu dedicado ao plano de relançamento da economia europeia face à crise da covid-19, salientou que “algo que é importante é que, nesta redução significativa do montante global do Fundo”, a nível de transferências a fundo perdido “foi possível no essencial proteger aquilo que eram os envelopes nacionais”.
“E, portanto, salvo alguma peripécia na tarde de hoje, aquilo com que podemos contar relativamente ao Fundo de Recuperação, no que respeita a Portugal, nas suas diferentes dimensões, é com uma verba de 15,3 mil milhões de euros, que tem execução prevista entre janeiro de 2021 e 2026”, indicou.
Assumindo que esta é “uma verba que impõe enorme responsabilidade” e dá uma “oportunidade muito significativa ao país para responder com energia à crise económica muito profunda”, dando-lhe uma “capacidade de resposta” que de outra forma Portugal não teria, António Costa explicou que o país ‘perdeu’ agora no Fundo face à diminuição do seu montante será ‘compensado’ no orçamento da União para 2021-2027, a ‘maratona’ negocial que se segue.
Explicando que, da proposta inicial da Comissão, de um Fundo de 750 mil milhões de euros, com 500 mil milhões a serem desembolsados na forma de subvenções [transferências a fundo perdido], passou-se para um Fundo de 700 mil milhões com ‘apenas’ 390 mil milhões de euros em transferências (um corte de 110 mil milhões, aproximadamente 20%), Costa apontou que os envelopes nacionais acabaram por ser apenas “marginalmente” atingidos.