“Estamos a dar um passo decisivo ao assinar a candidatura da Ucrânia à adesão acelerada à NATO”, disse Zelensky num comunicado divulgado no ‘site’ da Presidência.
O comunicado é acompanhado de um vídeo com a comunicação de Zelensky, que termina com a assinatura do documento.
A mensagem foi divulgada depois de uma reunião do Conselho de Segurança Nacional e de Defesa da Ucrânia, realizada no dia em que a Rússia formalizou a anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia.
“Hoje, a Ucrânia apresenta a sua candidatura ‘de jure’ [à NATO]”, disse Zelensky, referindo que o pedido será feito através de um procedimento de emergência.
“Sabemos que é possível. Este ano, vimos a Finlândia e a Suécia começarem a aderir à Aliança sem um Plano de Ação para a Adesão”, justificou.
Zelensky disse que a Ucrânia já está “de facto” a caminho de se tornar membro da Aliança Atlântica e demonstrou a sua compatibilidade com os padrões militares da NATO, tanto no campo de batalha como na interação com os aliados.
“Há confiança mútua, ajudamo-nos mutuamente e protegemo-nos mutuamente. Esta é a aliança”, disse.
Argumentou que a Rússia não teria parado nas fronteiras ucranianas se não tivesse sido travada pelas tropas da Ucrânia.
“Outros Estados teriam estado sob ataque. Os países bálticos, Polónia, Moldávia e Geórgia, Cazaquistão”, afirmou.
Zelensky disse estar ciente de que a adesão da Ucrânia, como a de qualquer candidato, terá de ser aprovada pelos 30 membros da NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte).
“Compreendemos que é necessário chegar a esse consenso. Por conseguinte, (…) oferecemos a implementação das nossas propostas relativas às garantias de segurança para a Ucrânia e toda a Europa, de acordo com o Pacto de Segurança de Kiev, que foi desenvolvido e apresentado aos nossos parceiros”, disse.
Zelensky disse também que a Ucrânia não negociará com a Rússia enquanto Vladimir Putin estiver no poder, pouco depois de o líder russo ter apelado à Ucrânia para depor as armas.
“A Ucrânia não negociará com a Rússia enquanto Putin for o Presidente da Federação Russa. Iremos negociar com o novo Presidente”, afirmou.
O chefe de Estado ucraniano reafirmou que o “único caminho para paz” passa pelo reforço da Ucrânia e pela expulsão dos ocupantes russos de todo o seu território.
“Vamos completar este caminho”, prometeu.
Zelensky anunciou ainda que o parlamento ucraniano vai discutir “um projeto de lei sobre a nacionalização de todos os bens russos”, apelando para a sua aprovação.
“Por favor, subscrevam este projeto de lei sem demora. Estamos a concluir o desmantelamento da influência russa na Ucrânia, na Europa e no mundo”, acrescentou.
A anexação das quatro regiões ucranianas, que correspondem a cerca de 15 por cento do território terrestre da Ucrânia, ocorreu após a realização de referendos não reconhecidos pela comunidade internacional, entre 23 e 27 de setembro.
Os referendos, considerados como uma farsa pela comunidade internacional, ocorreram em plena guerra na Ucrânia, que a Rússia invadiu em 24 de fevereiro deste ano.
A Rússia já tinha anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014, após um processo idêntico.