Médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico têm greves marcadas para outubro. O secretário de Estado da Saúde diz que governar assim é "um tormento".
SEP mantém greve de enfermeiros apesar de Governo avaliar contrapropostas
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) decidiu manter a greve marcada para 3, 4 e 5 de outubro, apesar do compromisso do Ministério da Saúde de avaliar as contrapropostas apresentadas, indicou o presidente da estrutura, José Carlos Martins.
A decisão foi comunicada ontem em conferência de imprensa, na sede do SEP, em Lisboa, à margem de uma reunião da direção, após um novo encontro negocial do sindicato no Ministério da Saúde.
O presidente do SEP disse que as contrapropostas do sindicato, que a tutela "ficou de ponderar", são "perfeitamente acomodáveis" em termos orçamentais, acrescentando que uma nova reunião negocial no ministério está agendada para sexta-feira.
Justificando a manutenção da greve, José Carlos Martins alegou que as propostas da tutela continuam a ser insuficientes.
O SEP, apoiado pelo Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira, reclama a revisão da carreira até ao final do primeiro semestre de 2018, a reposição das horas de qualidade (horas de trabalho feitas aos fins-de-semana, feriados e à noite) a partir de janeiro e a extensão das 35 horas semanais de trabalho a todos os enfermeiros antes de julho.
Segundo o sindicato, o Ministério da Saúde propõe, em contrapartida, a reposição faseada das horas de qualidade, em abril e em dezembro de 2018, a aplicação das 35 horas semanais em julho e o pagamento de um subsídio transitório de 150 euros aos enfermeiros especialistas até à negociação das carreiras, em 2018.
O SEP entende que a valorização salarial dos enfermeiros não pode passar sem a revisão da carreira.
Inicialmente, o sindicato propunha um suplemento remuneratório para os especialistas, de 600 euros.
Duas outras estruturas sindicais, o Sindicato dos Enfermeiros e o Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem, ameaçam com uma nova greve de cinco dias, a partir de 16 de outubro, depois da ocorrida entre 11 e 15 de setembro, caso o Governo não satisfaça uma série de reivindicações, incluindo um aumento mínimo de 400 euros para todos os enfermeiros.
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, considerou o aumento salarial de 400 euros mensais "absolutamente incomportável" em termos orçamentais.
Médicos formalizam greve a partir de 11 de outubro
A Federação Nacional de Médicos (FNAM) formalizou ontem a greve anunciada para ter início no dia 11 de outubro na região norte, em protesto por menos horas de trabalho extraordinárias e outras reivindicações.
Numa nota enviada à Lusa, a FNAM divulgou o pré-aviso de greve na região norte, a primeira de uma série de greves rotativas em três regiões e que culminará numa paralisação total em 8 de novembro, abrangendo hospitais, centros de saúde, todos os serviços de saúde do Estado e privados.
De uma lista com 25 reivindicações, destaca-se a diminuição do trabalho suplementar nas urgências de 200 para 150 horas anuais, turnos de urgência de 12 horas, em vez de 18, e listas de doentes mais pequenas, descendo dos atuais 1900 para 1550.
As greves regionais começam em 11 de outubro na região norte, seguindo-se a região centro em 18 de outubro e a região sul em 25 de outubro, antes da paralisação nacional a 8 de novembro.
Os sindicatos médicos têm estado em negociações com o Ministério da Saúde em várias matérias, avisando várias vezes que, se a postura do Governo se mantivesse, avançariam para uma nova greve nacional depois das eleições autárquicas, a segunda este ano, após a paralisação de maio.
Os serviços mínimos serão equivalentes aos que funcionam aos domingos e feriados e estão garantidos serviços como quimioterapia, diálise ou cuidados paliativos, segundo
Técnicos de diagnóstico entregam pré-aviso de greve para 13 de outubro
Dirigentes dos sindicatos representativos dos técnicos de diagnóstico e terapêutica entregaram no Ministério da Saúde um pré-aviso de greve para 13 de outubro, para exigir a regulamentação da carreira destes profissionais.
Em declarações à agência Lusa, o dirigente da Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap) José Abrão explicou que o protesto visa exigir a negociação da regulamentação relativa à transição da antiga carreira de técnico de diagnóstico e terapêutica para a recentemente criada carreira de técnico superior das áreas de diagnóstico e terapêutica.
"Durante quase meio ano negociámos um diploma que criava as carreiras de técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica e, neste quadro, foi publicado o diploma que instituía a carreira", que devia ser regulamentado 90 dias depois, "para definir a tabela remuneratória" e os mecanismos de transição, disse o sindicalista.
O prazo foi ultrapassado "e até hoje não aconteceu absolutamente nada", lamentou o sindicalista, contando que os sindicatos têm tentado falar como o Ministério da Saúde, "na expetativa que possam acontecer as reuniões e o processo ser continuado", mas tem sido em vão.
"Como nada aconteceu, os trabalhadores querem manifestar o seu protesto, primeiro exigindo o compromisso que o Governo assumiu" com os sindicatos e que sejam "marcadas rapidamente negociações" para relançar o processo.
O objetivo, segundo José Abrão, é que o Orçamento do Estado para 2018 já "possa contemplar tudo aquilo que resultar desta carreira".
Em comunicado, os sindicatos adiantam que os trabalhadores exigem a negociação da tabela remuneratória aplicável aos trabalhadores inseridos na nova carreira, a consolidação do estatuto da carreira de técnico superior das áreas de diagnóstico e terapêutica e o descongelamento das progressões e promoções nas carreiras.
Estes técnicos abrangem 19 profissões de áreas como as análises clínicas, radiologia, fisioterapia, farmácia e cardiopneumologia.