Numa região que foi alertada sobre inundações potencialmente mortais, mas não se preparou para um golpe do furacão que tinha até perdido intensidade, a tempestade matou pelo menos 25 pessoas de Maryland a Nova Iorque na noite de quarta-feira e a manhã de hoje.
Pelo menos 12 pessoas morreram na cidade de Nova Iorque, disse a polícia, uma delas num carro e oito em caves inundadas que servem como casas acessíveis num dos mercados imobiliários mais caros do país.
Em Nova Jérsia, as autoridades relataram pelo menos oito mortes e três no condado de Montgomery, no estado da Pensilvânia.
Depois de fazer seis mortes no sul dos EUA, Ida chegou com força à área de Nova Iorque, Nova Jérsia e Connecticut tornando-se num evento meteorológico “histórico”, que bateu os recordes registados há apenas alguns dias na região com as fortes chuvas da tempestade Henri.
O Central Park registou 3,15 polegadas (oito centímetros) de água em apenas uma hora, o máximo registado desde o início da recolha desses dados em 1870, e a cidade emitiu pela primeira vez um aviso de emergência de inundação rápida, o que implica risco mortal.
A magnitude foi hoje avaliada pela governadora de Nova Iorque, Kathy Hochul, que assegurou que é a “primeira vez que houve uma tromba de água repentina desta proporção” na área, comparando-a a ter as “Cataratas do Niágara na rua” e reconhecendo “deficiências na drenagem” local.
Hochul, que na noite de quarta-feira declarou estado de emergência, disse em conferência de imprensa que o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ofereceu assistência federal para avaliar os danos e fazer o “dinheiro fluir” o mais rapidamente para casas e empresas devastadas.
O presidente da Câmara de Nova Iorque, Bill de Blasio, salientou a necessidade de “fazer mudanças” na preparação para as alterações climáticas e agradeceu às equipas de emergência que resgataram “centenas” de pessoas, muitas delas presas em veículos inundados.
Na cidade sobrelotada, praticamente todas as linhas de metro foram suspensas ao ser inundadas por cascatas de água, com vários incidentes registados pelos cidadãos e publicados nas redes sociais.
Ida teve um impacto notável em Nova Jérsia e Connecticut, cujos governadores declararam também estado de emergência na quarta-feira para facilitar os trabalhos de salvamento e recuperação nas áreas mais atingidas por chuvas torrenciais e inundações.
O governador de Nova Jérsia, Phil Murphy, classificou o impacto da tempestade como “extraordinário” e “trágico” e disse que os esforços de recuperação “vão levar algum tempo”.
Esse estado viu bairros inteiros submersos na cidade de Cranford e casas evacuadas após o rio Passaic ter transbordado as margens.
No Connecticut, onde até agora não foram relatadas mortes, a tempestade elevou caudais de vários rios e um polícia estatal foi hospitalizado depois de o seu veículo ter ficado submerso pelas águas.
A caminho do Canadá e com intensidade a diminuir para um ciclone pós-tropical, é esperado que o Ida “finalize lentamente a ameaça de inundações”, mas existe a possibilidade de tornados à medida que passa por Rhode Island e Massachussets, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos.