A carta de demissão foi reencaminhada para a Procuradoria-Geral do país para examinar os aspetos legais antes de ser formalmente aceite, adiantou a mesma fonte.
Rajapaksa chegou hoje a Singapura num voo proveniente das Maldivas, depois de ter fugido do seu país, na sequência de uma vaga de protestos populares, segundo a agência francesa de notícias AFP.
As autoridades de Singapura afirmam que se trata de uma visita privada e que Gotabaya Rajapaksa não obteve asilo político.
O primeiro-ministro cingalês, Ranil Wickremesinghe, que tem estado a tomar decisões na qualidade de Presidente interino, impôs o estado de emergência e reforçou os poderes dos militares e da polícia.
Nos últimos dias, manifestantes ocuparam vários edifícios governamentais, exigindo a demissão dos principais líderes políticos, acusando Rajapaksa e a sua poderosa família política de ter desviado dinheiro dos cofres do Estado durante anos e de acelerar o colapso do país administrando mal a economia.
A família negou as acusações de corrupção, mas Rajapaksa reconheceu que algumas das suas políticas contribuíram para o colapso.
Vários meses de protestos atingiram um pico no fim de semana, quando muitos manifestantes invadiram a casa e o gabinete do Presidente e a residência oficial do primeiro-ministro.
Imagens de manifestantes dentro dos edifícios – a descansar em sofás e camas elegantes, a posar nas mesas e a percorrer ambientes opulentos – chamaram a atenção do mundo.
Na terça-feira, os manifestantes viraram a sua ira contra o primeiro-ministro, invadindo o seu gabinete em Colombo, depois de ter sido nomeado chefe de Estado interino pelo Presidente já em fuga.
Apesar da oposição das forças de segurança, que usou gás lacrimogéneo e canhões de água, a multidão entrou no edifício, agitando bandeiras do Sri Lanka, segundo a AFP.
“Vai para casa, Ranil! Vai para casa, Gota!”, gritaram antes de irromperem no edifício do gabinete do primeiro-ministro.
A nomeação de Wickremesinghe como Presidente interino foi comunicada ao país pelo presidente do parlamento, Mahinda Yapa Abeywardana.
“Devido à sua ausência do país, o Presidente Rajapaksa disse-me que nomeou o primeiro-ministro para agir como Presidente, de acordo com a Constituição”, disse Mahinda Yapa Abeywardana num breve discurso televisivo.
Além das instalações do primeiro-ministro, outros manifestantes invadiram a principal estação de televisão estatal, a Rupavahini, e interromperam a programação normal, que foi substituída por outros programas gravados.