"Deixe-se lá os genes", disse o especialista, explicando que este tipo de doenças atingem sobretudo a população mais idosa e resultam da prevalência de "muitos maus hábitos", nomeadamente o consumo de tabaco.
Sobrinho Simões participou hoje na XIV Reunião da Associação de Patologistas das Ilhas da Macaronésia (Madeira, Canárias, Açores e Cabo Verde), que decorre na capital madeirense.
O investigador considerou que, perante o crescimento da doença, a solução passa pelo diagnóstico precoce, pois "nunca vamos tratar as pessoas com sucesso se tivermos cancros muito avançados".
"A nossa aposta é o diagnóstico precoce", disse, acentuando, por outro lado, que também não pode haver "exagero da prevenção".
"Não se pode passar a vida a fazer TAC (tomografia computorizada) para ver se temos um tumorzinho, porque assim vamos fazer pior às pessoas", advertiu, realçando que "as pessoas têm de perceber que não vale a pena exagerar, a não ser que haja história familiar".
Sobrinho Simões indicou, no entanto, que os genes são responsáveis por 55 a 10% dos casos de cancro, ao passo que 90% a 95% são somáticos, o que significa que a doença surge "quase exclusivamente" por motivos comportamentais, sendo potenciada por "maus hábitos" e por fatores como a obesidade e a diabetes.
Na Reunião da Associação de Patologistas das Ilhas da Macaronésia, o chefe do serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central do Funchal, José Camacho, indicou que existem apenas três médicos especialistas no Serviço de Saúde da Madeira, sendo necessários sete.
"Não conseguimos dar resposta. Precisamos urgentemente de mais patologistas", avisou, realçando que a sua equipa executa por ano 24 mil exames de anatomopatologia.
O secretário regional da Saúde, Pedro Ramos, esclareceu, porém, que dois médicos estão atualmente em formação, sendo que o serviço conta ainda com 12 técnicos de diagnóstico e terapêutica, embora reconheça que o trabalho é "feito com alguma sobrecarga".
LUSA