“Em relação ao porto de Mariupol, já está sob o nosso controlo”, declarou Denis Pushilin em declarações transmitidas em direto pela cadeia televisiva russa Pervy Canal.
Citado pela agência noticiosa Ria-Novosti, o representante do exército separatista, Eduard Basurine, afirmou que os últimos defensores ucranianos se concentravam agora nas fábricas “Azovstal” e “Azovmach”.
Esta manhã, Basurine tinha afirmado que 80% da zona portuária tinha sido conquistada.
As forças das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, participam ativamente na ofensiva do Kremlin, desencadeada em 24 de fevereiro.
O exército russo e os separatistas do Donetsk cercavam há mais de um mês a região de Mariupol, nas margens do mar de Azov, onde se depararam com uma grande resistência, apesar dos contínuos bombardeamentos.
Um dos últimos bastiões da resistência ucraniana situa-se no grande complexo metalúrgico “Azovstal”, situado junto ao porto de Mariupol.
À semelhança das declarações dos líderes de Moscovo, o chefe dos separatistas russófonos de Donetsk, Denis Pushilin, afirmou também hoje que as suas forças se vão juntar aos esforços para conquistar totalmente a região ucraniana de Donetsk.
“A operação vai ser intensificada porque, quanto mais esperamos, mais a população civil sofre ao permanecer refém da situação”, afirmou em conferência de imprensa em Donetsk, cidade sob controlo dos separatistas russófonos desde 2014.
Segundo o responsável, milhares de soldados ucranianos ainda combatem no complexo fabril de “Azovstal”.
“O número referido nos nossos relatórios refere-se entre 1.500 e 3.000 pessoas”, disse.
Previamente, uma brigada das Forças Armadas ucranianas disse que se preparava para uma “batalha final” em Mariupol.
“Hoje será, provavelmente, a batalha final porque as nossas munições estão a esgotar-se”, escreveu na rede social Facebook a 36.ª brigada da Marinha Nacional, que integra as Forças Armadas ucranianas, citada pela agência France-Presse (AFP).
“Será a morte para alguns de nós e o cativeiro para outros”, acrescentou a brigada, pedindo ainda “aos ucranianos” para que se lembrem deles “com uma palavra amável”.
“Há mais de um mês que lutamos sem munições, sem comida, sem água”, fazendo “o possível e o impossível”, referiu a unidade, que disse ainda que cerca de “metade” dos membros da brigada estão feridos.
A brigada queixou-se ainda da falta de ajuda do comando do Exército e do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
“Só uma vez recebemos 50 cartuchos, 20 minas, mísseis antitanque NLAW”, lamentaram na publicação.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.793 civis, incluindo 176 crianças, e feriu 2.439, entre os quais 336 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,5 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.