O engenho, que tem ‘cunho’ português e vai estudar Júpiter e três das suas maiores luas, irá sobrevoar a Lua em 19 de agosto, às 22:16 (hora em Lisboa), e a Terra em 20 de agosto, às 22:57.
Segundo a Agência Espacial Europeia (ESA), coordenadora da missão, que hoje fez o ponto da situação em conferência de imprensa, a trajetória do satélite já está ajustada e preparada.
Lançado para o espaço em 14 de abril de 2023, ‘Juice’ deverá chegar a Júpiter, aproveitando em momentos diferentes a gravidade da Terra e de Vénus, passados oito anos, em julho de 2031, fazer 35 voos de aproximação às luas geladas (descobertas por Galileu há 400 anos) e alcançar uma delas, Ganimedes, em dezembro de 2034.
Será a primeira vez que um satélite artificial orbitará uma lua de um planeta que não a Terra.
Descrevendo o primeiro voo do ‘Juice’ sobre a Lua e a Terra, o diretor de operações, Ignacio Tanco, disse que “será como passar por um corredor muito estreito, muito, muito rápido, e pisar o acelerador ao máximo quando a berma da estrada é de apenas alguns milímetros”.
Esta manobra de travagem, sem precedentes no espaço, é uma forma de cortar caminho pelo interior do Sistema Solar.
Embora o risco seja muito elevado, uma vez que o mais pequeno erro pode desviar o satélite da sua rota, e isso significar o fim da missão, os cientistas estão otimistas quanto ao sucesso da execução da manobra.
Foram concebidos seis modos de correção de trajetória distintos.
O sobrevoo da Lua e da Terra servirá para ativar os 10 instrumentos do satélite e recolher e analisar dados de um corpo celeste pela primeira vez.
A manobra será especialmente crucial para corrigir um problema num radar, fundamental para estudar a superfície e o subsolo das luas geladas de Júpiter, visando a identificação de zonas que possam albergar reservas de água que possam ser cientificamente interessantes para futuras missões.
Se tudo correr conforme o previsto, ‘Juice’ aproximar-se-á de Vénus em agosto de 2025.
O satélite irá permitir estudar o maior planeta do Sistema Solar e as luas Europa, Ganimedes e Calisto, onde os cientistas pensam que possa existir água líquida (elemento fundamental para a vida tal como se conhece) sob as crostas de gelo à superfície.
Os primeiros dados científicos são expectáveis em 2032.
A missão, cujo fim está previsto para setembro de 2035, envolve empresas, cientistas e engenheiros portugueses.
Atualmente, o único satélite artificial em órbita de Júpiter é ‘Juno’, da agência espacial norte-americana (NASA).