"Há motivos para pensar que Putin contempla um cenário ao estilo coreano, que consiste num linha divisória entre as regiões ocupadas e as não ocupadas do nosso país", disse o responsável dos serviços secretos do Ministério da Defesa (GURMO), numa mensagem na rede social Facebook.
Para Budanov, isto ocorre após a Rússia ter falhado em derrubar o Governo ucraniano, como pretendia o Presidente Vladimir Putin, e depois de o exército russo ter sofrido duras derrotas em Kiev.
Os esforços das tropas russas concentram-se agora em criar um corredor terrestre com a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, mas enfrentam a "indominável e valente" defesa da cidade cercada de Mariupol, disse o mesmo responsável.
A Rússia afirmou na sexta-feira que o objetivo do seu exército, concluída a primeira fase da guerra, é concentrar-se no Donbass, a região do leste ucraniano onde desde 2014 separatistas pró-russos combatem as forças da Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já disse reiteradamente que qualquer negociação com a Rússia deve levar a "resultados significativos", sob a premissa do respeito pela soberania e integridade territorial do seu país.
Num vídeo divulgado no sábado à noite, Zelensky avisou Moscovo de que está a semear um profundo ódio anti-russo entre os ucranianos, à medida que os seus ataques reduzem as cidades do país a escombros, matam civis, empurram outros para abrigos e forçam muitos a procurar comida e água para sobreviver.
“Estás a fazer tudo para que o nosso povo abandone a língua russa, porque a língua russa será agora associada, não são só a ti, mas às tuas explosões e homicídios, aos teus crimes”, disse.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, entre os quais 120 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, das quais 3,7 milhões foram para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa