O vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, avisou hoje que as sanções “ilegais” contra Moscovo podem vir a ser interpretadas como atos de agressão, que podem ser respondidos com atos de defesa.
"Sob certas circunstâncias, sanções ilegais podem ser qualificadas como um ato de agressão internacional por alguns países ou pelas suas alianças", escreveu Medvedev, na rede social Telegram.
Isso pode suceder se as sanções se destinarem, antes de mais, a destruir a independência económica e a soberania do Estado, bem como ameaçar "a própria existência do Estado", acrescentou Medvedev, que foi Presidente da Rússia em 2008-2012.
As sanções recentemente adotadas contra a Rússia são ilegais e fazem parte de uma "guerra híbrida", denunciou Medvedev, e representam "uma clara violação dos direitos da Federação Russa".
"Em suma, como dizem os nossos opositores, trata-se de uma declaração de guerra económica. Neste caso, o Estado que sofreu a agressão, ou seja, a Rússia, tem direito à defesa individual e coletiva no âmbito da legislação nacional e internacional", concluiu o vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia.
"Que ninguém duvide de que a Rússia usará esse direito nas formas e margens que julgar apropriadas", avisou Medvedev.
O ex-Presidente russo previu ainda que as sanções, "pela sua magnitude e cinismo", causarão "o colapso de todas as instituições internacionais, incluindo, em primeiro lugar, a ONU".
Medvedev disse ainda que as medidas podem ser contraproducentes.
“O resultado dessa pressão costuma ser o oposto: ocorre a consolidação da sociedade civil à volta do poder. O regime político fortalece-se”, explicou.
"As sanções ilegais, como tudo neste mundo, são temporárias e terminarão em algum momento. O seu resultado será uma ordem internacional destruída e consequências gravíssimas para a economia mundial e para a vida de alguns países", avisou ainda o líder russo.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.