"Vamos ver os resultados iniciais da sua presença lá, primeiro. (…) Mas não descartamos essa possibilidade. O assunto está a ser analisado", disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Andrei Rudenko, citado pela agência Interfax.
Na rede social Telegram, o embaixador russo junto das organizações internacionais em Viena, Mikhail Ulyanov, também disse que "a Rússia saúda essa intenção" da AIEA.
O diretor-geral desta agência nuclear da ONU, Rafael Grossi, confirmou hoje, antes de partir de Kiev em direção a Zaporijia, que a missão tenciona passar vários dias na central e que a organização também pretende criar uma representação permanente nas instalações.
Rudenko sublinhou que a Rússia espera que a chegada da missão da AIEA a Zaporijia "ajude a avaliar de forma realista" a situação da central, a maior da Europa e que está a ser submetida a bombardeamentos constantes de que Moscovo e Kiev se acusam mutuamente.
O vice-chefe da diplomacia russa também pediu uma inspeção, realizada por especialistas internacionais, para dissipar "informações falsas espalhadas pela Ucrânia e pelo Ocidente de que é a Rússia que está a bombardear a central".
A AIEA iniciou hoje uma missão de análise na central de Zaporijia, uma das quatro centrais nucleares em operação na Ucrânia, e a maior da Europa, com seis reatores com capacidade de 1.000 megawatts cada.
A central caiu nas mãos das tropas russas em março, logo após Moscovo ter iniciado a invasão da Ucrânia, tendo sido alvo de vários bombardeamentos pelos quais Moscovo e Kiev negam responsabilidade.
Na semana passada, a central já foi brevemente desconectada da rede elétrica, pela primeira vez na sua história, depois de as linhas de energia terem sido danificadas.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções.
A ONU apresentou como confirmados 5.663 civis mortos e 8.055 feridos na guerra, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.