Numa declaração divulgada depois de a União Europeia (UE) ter aprovado o embargo ao petróleo russo devido à guerra na Ucrânia, Medvedev disse que os ocidentais “sentem ódio” pela Rússia.
“Quem é que os autores [das sanções] queriam punir? O Presidente [Vladimir Putin] e a liderança política e militar do país? Não, obviamente que não. (…) Nenhum de nós tem bens, bens ou interesses significativos no estrangeiro”, escreveu Medvedev na rede de mensagens Telegram.
Medvedev, atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, reconheceu que os proprietários russos de grandes empresas estão a sofrer perdas com as sanções, mas considerou que “não são fatais”.
Segundo o Presidente russo entre 2008 e 2012, a conclusão é que as sanções ocidentais “são dirigidas precisamente contra o povo russo”.
A UE aprovou, na segunda-feira à noite, um novo pacote de sanções contra Moscovo que inclui um embargo à importação do petróleo russo até ao final de 2022, para reduzir a dependência energética europeia.
Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a medida irá reduzir em cerca de 90% as importações de petróleo da Rússia pelo bloco comunitário, com exceção de países sem litoral, como Hungria, Eslováquia e República Checa.
A guerra na Ucrânia expôs a excessiva dependência energética da UE face à Rússia, que é responsável por cerca de 45% das importações de gás europeias.
A Rússia também fornece 25% do petróleo e 45% do carvão importado pela UE.
Medvedev acusou ainda o Ocidente de mentir quando afirma que quer castigar os líderes russos.
“Muito simplesmente, querem prejudicar a economia, dar um golpe no rublo, aumentar a inflação e fazer subir os preços nas lojas, baixando assim o nível de vida dos russos comuns”, disse.
A invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, com vários países organizações a decretarem sanções contra interesses russos.
Em retaliação, Moscovo cortou o fornecimento de energia a alguns países, como a Polónia, a Lituânia e, desde hoje, os Países Baixos, depois de ter exigido o pagamento dos contratos na moeda russa, o rublo.
Vários países também têm fornecido armamento ao exército ucraniano para combater as forças russas.
A guerra entrou hoje no 97.º dia, sem um balanço independente de baixas, que diversas fontes, incluindo a ONU, admitem que serão elevadas.
A ONU confirmou até agora a morte de mais de 4.000 civis, mas tem alertado que este número será consideravelmente superior.