A organização estima, num relatório divulgado, que os resíduos de fibras sintéticas gerados pelo setor do vestuário e dos têxteis podem ultrapassar os 60 milhões de toneladas em 2060, mais do que duplicando, e lembra que estes resíduos representam já cerca de 10% de todos os resíduos plásticos a nível mundial.
Os dados da OCDE indicam que a produção de fibra mais que quadruplicou em menos de 50 anos, passando de cerca de 24 milhões de toneladas em 1975 para 108,3 milhões de toneladas em 2020, período em que duplicou a produção de fibras naturais, como algodão, seda e lã.
O relatório aponta como principal motor do crescimento da produção de fibras têxteis o aumento de quase oito vezes da produção de fibras sintéticas, estimulada pelo modelo de negócios da ‘fast fashion’ e o tamanho desta indústria, tornando o vestuário um impulsionador significativo de impactos ambientais, devido ao uso de produtos químicos e água, emissões de gases de efeito estufa e resíduos produzidos.
O relatório aponta a recolha seletiva de têxteis como o primeiro passo pós-consumo para manter o valor do material, uma medida imposta por regulamentação europeia aos membros da UE a partir de 01 de janeiro, quando entra em vigor o mecanismo de responsabilidade alargada do produtor no setor do vestuário, responsabilizando os importadores ou produtores de vestuário pelos custos de gestão dos respetivos resíduos.
Tal como os produtores de bebidas que comercializam produtos embalados em PET, vidro ou alumínio, os importadores ou produtores de vestuário passam a ser responsáveis pelos custos de gestão dos respetivos resíduos, responsabilidade imposta por regulamentação europeia.
A partir 01 de janeiro, além dos contentores de recolha de plástico, papel e vidro, passa a ser obrigatório criar um novo contentor de recolha para roupas e têxteis em geral, para que estes resíduos possam também chegar a uma estação de tratamento.
O mecanismo de responsabilidade alargada do produtor no setor do vestuário, além de melhorar a recolha e a triagem, pode ajudar a reduzir os impactos ambientais gerados pela produção, uso e descarte de peças de vestuário, segundo a OCDE.
A organização apela a uma mudança dos incentivos económicos para produtores, consumidores e gestores de resíduos que promova a reutilização, reparação, recuperação de peças de vestuário usadas exportadas e a reciclagem.
Abordagem que por si só que considera insuficiente para abordar todos os impactos ambientais do vestuário, sendo precisas políticas adicionais que complementem esse mecanismo, como estabelecerem definições para desperdício de vestuário, conteúdo reciclado e adequação para reutilização.
A OCDE defende ainda o lançamento de incentivos económicos que encorajem a procura de produtos reciclados e estimulem investimentos na reciclagem e tecnologia, assim como políticas complementares que promovam a consciência do impacto ambiental destes resíduos e possam ajudar as famílias a identificar as melhores práticas para prolongar a fase de utilização.
Lusa