“Não conto, sinceramente, que seja possível retomar a atividade normal antes do final deste ano letivo”, admitiu à Lusa o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António de Sousa Pereira.
À semelhança do pré-escolar, básico e secundário, as atividades letivas também decorrem à distância no ensino superior, em resposta ao agravamento da pandemia da covid-19 em janeiro.
Antes de a pandemia forçar alunos e docentes a voltar às aulas ‘online’, a maioria das instituições funcionava em regime misto, com as turmas divididas em dois grupos que alternavam entre aulas presenciais e à distância, e é a esse modelo que os reitores e presidentes dos politécnicos esperam regressar.
“Há um conjunto de aulas que têm de ser presenciais e são essas que vão ter de decorrer após do desconfinamento”, explicou o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP).
De acordo com Pedro Dominguinhos, as instituições organizaram-se para, nesta altura em que funcionam a distância, antecipar tanto quanto possível as aulas teóricas, mas aquelas com componente prática só poderão ser retomadas quando houver atividade presencial.
“Para nós, é extremamente preocupante antever que o fim do segundo semestre se aproxima a passos largos e que iremos ter muitos estudantes sem atividades presenciais”, sublinhou por seu turno António de Sousa Pereira.
Para o representante dos reitores, que não se arrisca a criar expectativas até o Governo apresentar, na próxima semana, o plano de desconfinamento, seria muito importante que os alunos conseguissem ter, até ao final do ano letivo, dois meses e meio de atividades práticas.
A esperança é que, no máximo, até depois da Páscoa essas atividades possam voltar a funcionar, havendo depois uma retoma gradual de algumas aulas teóricas, se a pandemia o permitir, mas sempre no mesmo regime misto implementado no primeiro semestre.
“Podemos ter um aumento progressivo das atividades presenciais, mas enquanto não houver um grupo significativo de pessoas vacinadas em Portugal, penso que vamos ter sempre de agir com muita cautela”, disse o representante dos reitores.
Pedro Dominguinhos, do CCISP, justificou a impossibilidade de voltar, num futuro próximo, a ter algo semelhante à normalidade no ensino superior, referindo que as instituições não têm condições para manter as regras de distanciamento físico que se impõe no “novo normal”.
Do lado do sindicato que representa os docentes e investigadores, a Páscoa também é aponta como data de referência para o regresso e Mariana Gaio Alves acredita que até lá será para continuar em casa.
“Na generalidade, a expectativa é que até à Páscoa estaremos à distância. O que vai acontecer a seguir à Páscoa, não sabemos”, disse à Lusa a presidente Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), sublinhando que a esperança é retomar o ensino presencial “assim que a pandemia o permita”.
“Este regime à distância é um regime transitório”, acrescentou, explicando também que, apesar de a experiência com as aulas ‘online’ estar a correr melhor comparativamente ao ano passado, continua a ter limitações.
Por outro lado, os próprios alunos parecem não antecipar a retoma integral do ensino presencial, nem o recomendam, sugerindo antes manter o chamado regime misto.
Numa carta enviada quinta-feira à tutela, a Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP) recomenda que a atividade teórica continue a ser lecionada ‘online’, retomando apenas as atividades que, pela sua natureza, só podem ser conduzidas presencialmente.
As aulas presenciais foram interrompidas no final de janeiro em todos os estabelecimentos de ensino, para conter propagação do SARS-Cov-2. A decisão sobre o regresso está dependente do plano de desconfinamento do Governo, que será apresentado na quinta-feira.