“Temos uma intervenção do Governo que não tínhamos. Até aos incêndios de Pedrógão Grande era um bocado fatalista, com meios para apagar os fogos, mas sem trabalho a montante”, disse o autarca, que preside também ao município de Montemor-o-Velho.
Segundo Emílio Torrão, que teme um verão complicado, “antes [dos incêndios] de Pedrógão não existia rigorosamente nada do ponto de vista da prevenção e do trabalho de fundo feito pelo Governo”, e, depois, “há todo um trabalho feito”.
“Descarregaram nas autarquias, como na descentralização”, ironizou o dirigente, na Figueira da Foz, à margem da visita à 18.ª torre de videovigilância do projeto Sistema Integrado de Videovigilância para a Prevenção de Incêndios Florestais da CIM Região de Coimbra.
O Sistema Integrado de Videovigilância para a Prevenção de Incêndios Florestais deverá ficar concluído no final de julho com a instalação de mais duas torres de videovigilância nos concelhos de Montemor-o-Velho e Condeixa-a-Nova, e vai permitir uma cobertura territorial de 90%.
“Este é um verdadeiro projeto intermunicipal, que só foi possível porque existiu Pedrógão Grande”, realçou Emílio Torrão, salientando que, atualmente, existe um conjunto de situações que é possível implementar no terreno porque “houve medidas corajosas tomadas na altura, que não existiam antes”.
No entanto, o presidente da CIM Região de Coimbra mostrou-se “triste” com as críticas que são feitas, por vezes, a bombeiros e autarcas, sem que as pessoas percebam que “há um antes e um depois de Pedrógão Grande”.
Aos jornalistas, Emílio Torrão disse ainda que é preciso resolver a crise do recrutamento de bombeiros, com a atribuição de “condições para que possam ter interesse no voluntariado, ou então tomar outras opções”.
“É preciso perceber que as pessoas arriscam a sua vida”, sublinhou, defendendo que é necessário dar condições e benefícios aos voluntários e também “respeitá-los”.
Antes, numa intervenção no quartel dos Bombeiros Sapadores da Figueira da Foz, o presidente da CIM Região de Coimbra desabafou que “não vale apena descarregar as culpas nos bombeiros e autarcas, que sempre fizeram o que podem”, ao recordar os trágicos incêndios de Pedrógão Grande e o julgamento em curso.
O sistema de videovigilância, que tem um custo total de quase quatro milhões de euros, financiados a 75% por fundos europeus, inclui, entre outros, as 37 torres e igual número de sistemas de deteção e 39 centros de gestão e controle.
O projeto prevê no total a instalação de 37 câmaras de videovigilância, 20 das quais em zonas florestais dos 19 municípios da Região de Coimbra e 17 nos 14 municípios da Região Viseu Dão Lafões, que atuam através de infravermelhos com bom ou mau tempo, com deteção automática noturna e diurna.
O POSEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), que financia o projeto, já comparticipou a instalação de 138 torres de videovigilância no país com nove milhões de euros do Fundo de Coesão, num investimento de 11 milhões de euros.
Lusa