A Cruz Vermelha entregou às autoridades de Israel os sequestrados, depois de os acompanhar na sua saída da Faixa de Gaza pela passagem fronteiriça de Rafah, com o Egito.
Os reféns, que já foram identificados, como primeiro passo do processo, estão agora a ser transportados em ambulâncias para Querem Shalon, um posto fronteiriço entre o Egito e Israel que também liga à Faixa de Gaza, acrescentou a mesma fonte.
De acordo com o plano, uma vez chegados a território israelita, os reféns serão levados em helicópteros militares para Hatzerim, uma base militar da Força Aérea no deserto do Neguev, perto da cidade de Beersheva, e dali seguirão também de helicóptero para cinco hospitais nas imediações de Telavive.
Várias televisões mostraram em direto a saída dos reféns por Rafah, imagens em que se viu uma idosa a saudar as pessoas concentradas junto ao terminal fronteiriço.
À semelhança do que acontece todas as sextas-feiras, hoje, representantes de famílias dos reféns e centenas de israelitas organizaram uma receção de Shabat, em memória dos mais de 240 sequestrados do Hamas no centro de Telavive, que contou com a presença do ministro do Gabinete de Guerra, Benny Gantz.
Juntamente com os 13 reféns israelitas – todos mulheres e crianças -, foram também libertados 10 tailandeses e um filipino, confirmaram o Governo da Tailândia e o do Egito, país mediador.
Ao abrigo do acordo de trégua entre Israel e o Hamas que hoje entrou em vigor, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, confirmou entretanto a libertação pelo grupo islamita de uma refém com nacionalidade portuguesa.
Segundo a comunicação social hebraica, 12 dos 13 reféns israelitas são do ‘kibutz’ Nir Oz, um dos mais massacrados pelo Hamas no seu ataque de 07 de outubro e onde sequestraram cerca de 80 pessoas.
Por sua vez, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) confirmou o “transporte seguro” de 24 reféns da Faixa de Gaza para o Egito, sem precisar as suas nacionalidades.
A libertação dos primeiros reféns após um mês e meio de guerra faz parte de um acordo entre Israel e o Hamas para libertar, no total, 50 sequestrados mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza em troca da libertação de 150 presos palestinianos em Israel – em ambos os casos, só mulheres e crianças – durante quatro dias de cessar-fogo.
Após a saída do enclave dos primeiros 13 reféns, espera-se a libertação iminente de 39 prisioneiros palestinianos que foram reunidos horas antes na prisão israelita de Ofer, de onde o CICV os levará para um posto de passagem fronteiriça com a Cisjordânia, lugar em que serão entregues às respetivas famílias.
Serão libertados da prisão 24 mulheres e 15 rapazes adolescentes, todos acusados de terrorismo, mas não por crimes de sangue.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, deslocaram-se à base de Kirya, em Telavive, o quartel-general do Exército israelita, para supervisionar a libertação dos 13 reféns israelitas.
“O primeiro-ministro e o ministro da Defesa acompanharão de perto a gestão da operação para trazer de volta ao país os israelitas libertados do cativeiro do Hamas”, indicou o Governo num comunicado.
Depois de ter mostrado em direto imagens de um miniautocarro e uma coluna de ambulâncias aguardando do lado egípcio do terminal de Rafah pelos 24 reféns hoje libertados pelo Hamas, a estação televisiva egípcia Al-Qahera News indicou que os profissionais de saúde egípcios começaram a realizar exames médicos aos reféns libertados.
Hoje, entrou em vigor o primeiro cessar-fogo entre Israel e o Hamas às 7h00 locais (5h00 de Lisboa), após mais de um mês e meio de guerra, como parte de um acordo para a libertação de 50 reféns, em troca de 150 presos palestinianos, todos crianças e mulheres.
O cessar-fogo, que durará quatro dias e poderá prolongar-se até dez dias, se o Hamas entregar mais sequestrados, permitirá também a entrada de ajuda humanitária naquele enclave palestiniano pobre.
A 7 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) – desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel – realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 49.º dia e ameaça alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza cerca de 15.000 mortos, na maioria civis, e mais de 33.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, 200 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas ou em ataques perpetrados por colonos.